Arte e pedagogia das ocupações: emergências da juventude auto-organizada

Autores/as

Palabras clave:

Arte, Educação, Juventude, Ocupações, Política,

Resumen

Pretendo aqui demonstrar uma vinculação entre as dimensões artística, pedagógica e política das ocupações das escolas públicas em 2015-2016, aprofundando na sequência as duas primeiras dimensões. Parto da perspectiva de que as ocupações sejam criações emergentes de uma juventude auto-organizada, que se apresenta como uma posição subjetiva e um agente historicossocial específicos. Pretendo ainda expor e discutir alguns dos problemas que aquelas dimensões terão evidenciado, tais como: a recusa pelas estudantes dos professores enquanto porta-vozes de um saber a que estão submetidos; os efeitos excludentes de uma concepção substancialista das artes; a produção artística da perspectiva da horizontalidade e da democracia cultural. Minha conclusão é que as ocupações estão associadas a uma mudança de época, cujas implicações são mais profundas do que pensam as tentativas de restringi-las a um episódio esgotado. Para tanto, além de descrever e caracterizar algumas de suas especificidades, a partir da leitura atenta de diversos tipos de fontes, submeto as ocupações a uma problematização teórica que, no caso de sua dimensão artística, recorre a autores com Walter Benjamin e Néstor Garcia Canclini e, no caso de sua dimensão pedagógica, a Michel Serres e autores dos Estudos do Cotidiano.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Cayo Honorato, Universidade de Brasília

Professor Adjunto no Departamento de Artes Visuais (VIS) do Instituto de Artes (IdA) da Universidade de Brasília (UnB), na área de História e Teoria da Educação em Artes Visuais; orientador de mestrado credenciado no Programa de Pós-graduação em Arte da UnB, com pesquisa sobre a atuação dos públicos e a mediação cultural, no âmbito das relações entre as artes e a educação; as conjunções e disjunções entre as artes e a educação; as relações entre arte, educação e política. Doutor em Educação pela Faculdade de Educação (FE) da Universidade de São Paulo (USP), na linha de Filosofia e Educação, com estágio na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Granada (UGR), Espanha; mestre em Educação pela Faculdade de Educação (FE) da Universidade Federal de Goiás (UFG), na linha de Cultura e Processos Educacionais; especialista em Arte Contemporânea e bacharel em Artes Visuais pela Faculdade de Artes Visuais (FAV) da UFG. É vice-líder do grupo Mediação em Arte e Cultura: Teorias e Práticas, cadastrado no CNPq. Integra a rede Another Roadmap for Arts Education desde 2015. É pesquisador associado do Centre for the Study of the Networked Image (CSNI) da London South Bank University (LSBU), Reino Unido, desde 2018.

Citas

#EUESCOLHOMEUFUTURO. [Canal de] Jaqueline Eatevam, [Guarulhos], 2 out. 2015. Vídeo no YouTube. Disponível em: <http://bit.ly/2kOvz4x>. Acesso em: 6 jan. 2019.

ALVES, Neide; GARCIA, Regina Leite. A invenção da escola a cada dia. In: ___ (Org.). A invenção da escola a cada dia. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. p. 7-20.

BENJAMIN, Walter. O autor como produtor. In: ___. Magia e técnica, arte e política. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. p. 120-136.

BICECCI, Verónica Gerber; COBOS, Carla Pinochet. La era de la colaboración: mapa abreviado de nuevas estrategias artísticas. In: CANCLINI, Néstor García; CRUCES, Francisco; POZO, Maritza Urteaga Castro (Coord.). Jóvenes, culturas urbanas y redes digitales. Madrid: Fundación Telefónica; Barcelona: Ariel, 2012. p. 45-64.

BREINES, Wini. Community and organization in the New Left, 1962-1968: The Great Refusal. New Brunswick: Rutgers University Press, 1989.

BUTLER, Judith. ¿Qué es la crítica?: un ensayo sobre la virtud de Foucault. In: TRANSFORM. Producción cultural y prácticas instituyentes: líneas de ruptura en la crítica institucional. Madrid: Traficante de Sueños, 2008. p. 141-167.

CAMPOS, Antonia J. M.; MEDEIROS, Jonas; RIBEIRO, Marcio M. Escolas de luta. São Paulo: Veneta, 2016.

CANCLINI, N. G. De la cultura postindustrial a las estrategias de los jóvenes. In: CANCLINI, N. G.; CRUCES, F.; POZO, M. U. C. (Coord.). Jóvenes, culturas urbanas y redes digitales. Madrid: Fundación Telefónica; Barcelona: Ariel, 2012. p. 3-24.

CANCLINI, N. G.; CRUCES, F. Conversación a modo de prólogo. In: CANCLINI, N. G.; CRUCES, F.; POZO, M. U. C. (Coord.). Jóvenes, culturas urbanas y redes digitales. Madrid: Fundación Telefónica; Barcelona: Ariel, 2012. p. X-XVIII.

CERTEAU, Michel de. As universidades diante da cultura de massa. In: ___. A cultura no plural. 7. ed. Campinas: Papirus, 2012. p. 101-121.

CHAUI, Marilena; SAVIAN FILHO, Juvenal; MODELLI, Laís. Sociedade brasileira: violência e autoritarismo por todos os lados. Revista Cult, São Paulo, n. 209, fev. 2016. Não paginado. Disponível em: <http://bit.ly/20Zrpkb>. Acesso em: 6 jan. 2019.

DÉTIENNE, Marcel; VERNANT, Jean-Pierre. Métis: as astúcias da inteligência. São Paulo: Odysseus, 2008.

ESTUDANTE de 16 anos defende legitimidade de ocupações e humilha deputados. Blog do Esmael, [Curitiba], 26 out. 2016. Vídeo no YouTube. Disponvíel em: <http://bit.ly/2ePE883>. Acesso em 06 jan. 2019.

G1 DF. Juiz autoriza técnica de privação de sono para desocupar escola no DF. G1 Distrito Federal, Brasília, 1o nov. 2016. Não paginado. Disponível em: <http://glo.bo/2fdOeiI>. Acesso em: 6 jan. 2019.

GAZTAMBIDE-FERNÁNDEZ, Rubén. Why the Arts Don’t do Anything: Toward a New Vision for Cultural Production in Education. Harvard Educational Review, Cambridge, v. 83, n. 1, p. 660-685, Spring 2013. Disponível em: <http://bit.ly/2jQEtNa>. Acesso em: 6 jan. 2019.

GIMENES, Camila Itikawa. Ocupar e resistir: entre o político e o pedagógico nas escolas ocupadas. Blog da Boitempo, São Paulo, 2 nov. 2016. Não paginado. Disponível em: <http://bit.ly/2frFPuf>. Acesso em: 6 jan. 2019.

GROYS, Boris. Education by Infection. In: MADOFF, Steven H. (Ed.). Art School: Propositions for the 21st century. Cambridge: MIT Press, 2009. p. 25-32.

GRUPO CONTRAFILÉ et al. A batalha do vivo. São Paulo: [s.n.], 2016.

HONORATO, Cayo. Política das ocupações: emergências da juventude auto-organizada. Temporal, v. 2, n. 3, p. 26-35, 2018. Disponível em: <http://bit.ly/2m9PqLL>. Acesso em: 23 set. 2019.

IBOPE. Índice de Confiança Social 2015. [S.l.]: [s.n.], 22 jul. 2015. 14 p. PDF. Disponível em: <http://bit.ly/2kWCMOc>. Acesso em: 6 jan. 2019.

INSTITUTO INSPIRARE. A escola que os jovens querem. [S.l.]: [s.n.], out. 2016. Não paginado. Web-site. Disponível em: <http://bit.ly/1rCbgoT>. Acesso em: 6 jan. 2019.

JENKINS, Henry; GREEN, Joshua; FORD, Sam. Cultura da conexão. São Paulo: Aleph, 2014.

KELIAN, Lilian; NERES, Julio. O que as ocupações dizem sobre a escola (e o mundo) que os jovens querem. Huffpost Brasil, [s.l.], 23 mai. 2016. Disponível em: <http://huff.to/2jHrIPY>. Acesso em: 6 jan. 2019.

LAVAL, Christian; DARDOT, Pierre. Común: ensayo sobre la revolución en el siglo XXI. Barcelona: Gedisa, 2015.

LESSIG, Lawrence. Remix: cultura de la remezcla y derechos de autor en el entorno digital. Barcelona: Icaria, 2012.

LUTE como uma menina. Direção: Flávio Colombini e Beatriz Alonso. Produção: Flávio Colombini e Beatriz Alonso. Montagem: Beatriz Alonso. Edição: Beatriz Alonso e Flávio Colombini. São Paulo: [s.n.], 2016. 76 min. Vídeo no YouTube. Disponível em: <http://bit.ly/2fnXdju>. Acesso em: 6 jan. 2019.

NÚCLEO DE INFORMAÇÃO E COORDENAÇÃO DO PONTO BR (Ed.). Pesquisa sobre o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nos domicílios brasileiros. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2016a. 424 p. Livro eletrônico. Disponível em: <http://bit.ly/2iC4AXi>. Acesso em: 6 jan. 2019.

___. Pesquisa sobre o uso da internet por crianças e adolescentes no Brasil. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2016b. 444 p. Livro eletrônico. Disponível em: <http://bit.ly/2iBYwyi>. Acesso em: 6 jan. 2019.

O MAL EDUCADO. Como ocupar um colégio? [S.l.]: [s.n.], [s.d.], 4 p. Panfleto. Disponível em: <http://bit.ly/1Nn0zQr>. Acesso em: 6 jan. 2019.

ORTELLADO, Pablo. Prefácio: A primeira flor de junho. In: CAMPOS, A. J. M.; MEDEIROS, J.; RIBEIRO, M. M. Escolas de luta. São Paulo: Veneta, 2016. p. 12-16.

PADILHA, Mônica. A pedagogia das ocupações. Portal do Educador, [s.l.], 4 nov. 2016. Não paginado. Disponível em: <http://bit.ly/2fZ4xRx>. Acesso em: 6 jan. 2019.

PASSA PALAVRA. Reforma do Ensino Médio: uma estratégia empresarial. Blog Passa Palavra, [s.l.], 19 out. 16. Disponível em: <http://bit.ly/2kQEpPd>. Acesso em: 6 jan. 2019.

PEDROSA, Silvio. O antivírus político: as ocupações das escolas e o protagonismo das juventudes e a potência dos pobres. Instituto Humanitas Unisinos, São Leopoldo, 30 mai. 16. Não paginado. Disponível em: <http://bit.ly/1VpXFw4>. Acesso em: 6 jan. 2019.

PEIRONE, Fernando. Mundo extenso: ensayo sobre la mutación política global. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2012.

RANCIÈRE, Jacques. O mestre ignorante: cinco lições sobre a emancipação intelectual. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.

SERRES, Michel. Polegarzinha. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013.

SMUCKER, Jonathan. Can Prefigurative Politics Replace Political Strategy? Berkeley Journal of Sociology, v. 58, 2014. Não paginado. Disponível em: <http://bit.ly/2iozNbE>. Acesso em: 6 jan. 2019.

SOUZA, Maria Cecília Cortez C. de. Permanências e inovações na cultura escolar brasileira. In: AMARAL, Mônica G. T. do; SOUZA, Maria Cecília Cortez C. de (Org.). Educação pública nas metrópoles brasileiras: impasses e novos desenlaces. Jundiaí: Paco Editorial; São Paulo: Edusp, 2011. p. 301-314.

TAVEIRA, Eleonora Barrêto. Saberes de alunos e alunas do ensino regular noturno: questão para a Escola? In: ALVES, N.; GARCIA, R. L. (Org.). A invenção da escola a cada dia. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. p. 69-84.

TRANCOSO, Alcimar Enéas Rocha; OLIVEIRA, Adélia Augusta Souto. Produção social, histórica e cultural do conceito de juventudes heterogêneas potencializa ações políticas. Psicologia & Sociedade, Belo Horizonte, v. 26, n. 1, p. 137-147, 2014. Disponível em: <http://bit.ly/2l5iSCa>. Acesso em: 23 set. 2019.

UOL. Governo Alckmin publica decreto que revoga reorganização escolar. UOL Educação, São Paulo, 5 dez. 2015. Não paginado. Disponível em: <http://bit.ly/2ieI2b8>. Acesso em: 6 jan. 2019.

VOLPI, Mário. Ocupações das escolas: por que devemos ouvir os estudantes. UOL Notícias, [s.l.], 13 nov. 2016. Não paginado. Disponível em: <http://bit.ly/2fWllH4>. Acesso em: 6 jan. 2019.

WILLIS, Paul. Common culture: Symbolic work at play in the everyday cultures of the youth. San Francisco: Westview Press, 1990.

Publicado

2019-10-01

Cómo citar

HONORATO, Cayo. Arte e pedagogia das ocupações: emergências da juventude auto-organizada. Revista Educação, Artes e Inclusão, Florianópolis, v. 15, n. 4, p. 08–35, 2019. Disponível em: https://www.periodicos.udesc.br/index.php/arteinclusao/article/view/14584. Acesso em: 16 may. 2024.