Jovens homens que ‘saíram pelo meio do mundo’: sentidos do trabalho para cortadores de cana

Autores

  • Catarina Malheiros da Silva Universidade do Estado da Bahia

DOI:

https://doi.org/10.5965/1984724620432019143

Resumo

A migração de trabalhadores do meio rural, oriundos de estados do nordeste, em direção às áreas canavieiras da região sudeste, tem se intensificado nas últimas décadas. Estudos recentes identificam a consolidação de um novo fenômeno, a migração permanentemente temporária, que se constitui em eterno processo de “partidas” e “retornos” daqueles que migram. Considerando a relevância dos fluxos migratórios para a população jovem, o presente artigo se propõe a compreender os sentidos atribuídos à experiência de ser jovem trabalhador nos cortes de cana. Na tentativa de reconhecer as especificidades que caracterizam os contextos locais do meio rural, optou-se por realizar uma pesquisa etnográfica no distrito rural Espraiado, localizado no município baiano Palmas de Monte Alto. Foram realizados 18 grupos de discussão com jovens do sexo masculino e feminino, matriculados no ensino médio e 18 entrevistas narrativas com jovens e adultos estudantes, pais e avós. A análise dos grupos foi feita com base no método documentário de interpretação desenvolvido por Karl Mannheim e adaptado para a pesquisa social empírica por Ralf Bohnsack. Os resultados da pesquisa desenvolvida apontam que o desvendamento das condições de trabalho nos canaviais, marcadas pela ocorrência de acidentes, insalubridade e riscos de vida, são aspectos escamoteados pelos jovens, em razão da oferta de vínculo empregatício, seguro desemprego e carteira assinada, concedida pelas usinas. A formalização do vínculo empregatício não garante o acesso dos jovens a condições decentes de trabalho, o que aprofunda a exploração e a invisibilidade dos corpos de jovens homens das áreas rurais.

Palavras-chave: Trabalho nos cortes de cana. Juventude. Migração

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Biografia do Autor

Catarina Malheiros da Silva, Universidade do Estado da Bahia

Possui graduação em Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia (1998), especialização em Psicologia da Educação pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (2003), mestrado em Educação pela Universidade de Brasília (2009), doutorado em Educação pela Universidade de Brasília (2014) com Estágio Doutoral no Dipartimento di Sociologia e Ricerca Sociale_ Università degli Studi di Milano¬-Bicocca (Orientador: Carmen Leccardi) em Milão/Itália. Bolsista do Programa Institucional Doutorado Sanduíche Exterior - PDSE, financiado pela CAPES no período de 09/2012 a 08/2013. Licença maternidade no período de 2014-2015.Trabalhou como professora substituta no curso de Pedagogia do IFG (2016-2017). No período anterior ao mestrado foi professora substituta na UESB (2005 a 2007), professora e coordenadora pedagógica (Escolas multisseriadas) nos municípios de Palmas de Monte Alto e Matina na Bahia (1996 a 2004). Atua como pesquisadora do Grupo de Pesquisa Gerações e Juventude -GERAJU/UNB, cadastrado no diretório de grupos do CNPQ. Pós Doutoranda pela Universidade do Estado da Bahia. Desenvolve estudos sobre Educação escolar, Educação de Jovens e Adultos, Juventude Rural, Geração e Pesquisa em Educação.

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Publicado

2019-11-21

Como Citar

SILVA, Catarina Malheiros da. Jovens homens que ‘saíram pelo meio do mundo’: sentidos do trabalho para cortadores de cana. PerCursos, Florianópolis, v. 20, n. 43, p. 143–166, 2019. DOI: 10.5965/1984724620432019143. Disponível em: https://www.periodicos.udesc.br/index.php/percursos/article/view/1984724620422019143. Acesso em: 29 mar. 2024.

Edição

Seção

Artigos Dossiê