O outro lado da formalização do trabalho do care no Brasil

Autores

  • Isabel Pauline Hildegard Georges IRD - Institut de recherche pour le développement, UMR 201 DEVSOC/ UFSCar-DS/USP-FFLCH-Cenedic

DOI:

https://doi.org/10.5965/1984724616322015169

Resumo

Com base na consideração de abordagens latino-americanas sobre a informalidade desde os anos 1960 e no estudo de três casos de trabalho do care, este artigo questiona a tendência atual de formalização do Estado brasileiro em uma perspectiva relacional. O modo pelo qual o Estado regula o trabalho contribui não somente para a despolitização do governo dos pobres, mas mais amplamente para a governança neoliberal. O artigo mostra como esta, além da instrumentalização do trabalho das mulheres pobres, os individualiza e cria novas hierarquias. A novidade dessas políticas reside na ativação e na responsabilização dos indivíduos pelo fracasso programado dos seus esforços permanentes de empreendedorismo de si, que se situa nos antípodas do direito.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Isabel Pauline Hildegard Georges, IRD - Institut de recherche pour le développement, UMR 201 DEVSOC/ UFSCar-DS/USP-FFLCH-Cenedic

A autora, alemã, socióloga, formada na França (Université de Paris VIII), Pós-doutoramento no CEBRAP/FAPESP (Centro Brasileiro de Análise e de Planejamento/Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) entre 2001 e 2005, é pesquisadora do IRD (Institut de recherche pour le développement), França. Ocupou a cátedra Lévi-Strauss na USP-IAU, e ficou como Professora visitante na Unicamp. Atualmente, é docente credenciada na UFSCar-DS e pesquisadora associada na USP-FFLCH-Cenedic. Linhas de pesquisa: globalização da estrutura produtiva e das relações de trabalho, as relações com a produtividade e o trabalho das mulheres no setor dos serviços, análise comparativa. Mas recentemente, trabalha sobre as novas configurações do trabalho e formas de inserção ocupacional das populações de baixa renda no espaço urbano. Nessa perspectiva, estuda o sentido do trabalho feminino e masculino considerado pouco qualificado (trabalho “do cuidado”, costura, trabalho ambulante, reciclagem, etc.) e suas formas de reconhecimento (políticas, sociais, salariais, simbólicas, afetivas). Publicou vários artigos sobre esses assuntos em revistas nacionais e internacionais

Referências

ABRAMO, Laís, VALENZUELA, Maria Elena Genre et marché du travail en Amérique latine. In : Dans M. Maruani (Org.). Travail et genre dans le monde, l’état des savoirs. Paris : La Découverte, 2013, p. 182-193.

ARAUJO, Angela Carneiro Informalité et rapports de genre. In : GEORGES, Isabel LEITE Marcia Paula (Orgs.), Nouvelles configurations du travail et economie sociale et solidaire. Paris: Harmattan, 2012.

BECKER, Howard S. Outsiders. New York: The Free Press of Glencoe, 1963.

BERGAMIN, Maria de Aguiar. Experiência democráticas de trabalho: dois casos em SãoPaul : Mutirão Recanto da Felicidade e Banco Comunitário União Sampaio. 2011.Thèse (Doctorat de sociologie) - Universidade fédérale de São Carlos, Doutorado em Sociologia, São Carlos, 2011.

BORGEAUD-GARCIANDIA, Natacha ; GEORGES, Isabel Introduction : travailleuses en migration dans “les Suds”. Déplacements de regards, reconfigurations de l'objet. Revue Tiers Monde, n. 217, p. 7-24, 2014.

BRANDT, Maria Elisa Almeida Minha area é casa de família: o emprego doméstico na cidade de São Paulo. 2003. Tese de doutorado em Sociologia - Universidade de São Paulo, Doutorado em Sociologia, São Paulo, 2003.

CACCIAMALI, Maria Cristina Globalização e processo de informalidade. Economia e sociedade, n. 14, p. 153-174, 2000.

COSTHEK, Abílio, Ludmila Les réseaux invisibles de la surexploitation du travail : inégalité sociale, informalité et accumulation capitaliste. Les Mondes du travail, n. 9-10, p. 41-52, 2011.

DANIELS, Kaplan, Arlène Invisible Careers: women civic leaders from the volunteer world. Chicago: University of Chicago Press, 1988.

DEDECCA, Cláudio Salvador; BALTAR, Paulo Eduardo Mercado de trabalho e informalidade nos anos 90. São Paulo, Estudos Econômicos, n. 27, n. especial, p. 65-84, 1997.

DIEESE O emprego doméstico no Brasil. Estudos e Pesquisas, n. 68, 2013.

DONZELOT, Jacques L’invention du social. Paris: Fayard, 1984.

FONTAINE, Laurence; WEBER Florence (Eds.) Les paradoxes de l'économie informelle: à qui profitent les règles?, La Découverte, terrains du siècle. Paris: Karthala, 2012.

FOUCAULT, Michel La Gouvernamentalité. In: FOUCAULT, M. Dits et écrits. Tome 3, Paris: Gallimard, 1994, p. 635-657.

FURTADO, Celso Subdesenvolvimento e estagnação na América latina. Rio de Janeiro : Civilização Brazileira, 1966.

GEORGES, Isabel, « Reconfiguration des politiques sociales au Brésil. Le genre de l’assistance à São Paulo. », Travail, Genre et Sociétés, n. 32, p. 45-61, 2014.

GEORGES, Isabel “¿Hacia una nueva división social y sexual del trabajo en Brasil? Transformaciones del papel del Estado, de las configuraciones familiares y de los empleos de servicio a las personas.”, Universidad Autónoma de Nuevo León. Escritos Sociológicos, n. 12, no prelo, 2014.

GEORGES, Isabel « L’emploi domestique : constructions institutionnelles et identitaires (Brésil, São Paulo », Comunicação oral, Congrès de l’Association Française de Sociologie, RT 35 Sociologie de l’engagement, de la vie associative et du bénévolat, 14-17 Avril, 2009, Université de Paris VII, Site des Moulins, Paris.

GEORGES, Isabel « L’emploi domestique au croisement de l’espace public et privé. Femmes de milieu populaire à São Paulo (Brésil) », Autrepart, « Variations et dynamiques urbaines», n. 47, p. 57-71, 2008.

GEORGES, Isabel ; VIDAL, Dominique La formalisation de l’emploi à l’épreuve du travail invisible. Deux cas de figure de travailleuses de service au Brésil. Sociétés contemporaines, n. 87, p. 25-47, 2012.

HUGHES, E.S.. Studying the Nurse’s work. American Journal of Nursing, n. 51, p. 294-295. may, 1951.

KERGOAT, D.; Hirata, H.Divisão sexual do trabalho profissional e doméstico Brasil, França e Japão. In: COSTA , Dans A.O.; SORJ, B., BRUSCHINI, M.-R.; HIRATA , H. (Orgs.), Mercado de trabalho e gênero, comparações internacionais.Rio de Janeiro: FGV Editora, 2008. p. 263-278.

LAUTIER, Bruno L'économie informelle dans le tiers monde. Paris : Lla Découverte, coll. «Repères». 1994.

LAUTIER, B. Gouvernement moral des pauvres et dépolitisation des politiques publiques en Amérique latine. In: BORGEAUD-GARCIANDIA, N.; LAUTIER, B.; PENAFIEL, R.; TIZZIANI, A. (Orgs.). Penser le politique en Amérique Latine: la recréation des espaces et des formes politiques. Paris: Karthala, 2009. p. 19-36.

LAUTIER, Bruno ; PEREIRA, Marques Jaime Brésil, Mexique : deux trajectoires dans la mondialisation. Paris: Karthala, 2004.

LEITE, Márcia Paula de O trabalho no Brasil dos anos 2000: duas faces de um mesmo processo. In: OLIVERIA, Roberto Veras de; GOMES, Darcilene, TARGINO, Ivan (Orgs). Marchas e Contramarchas da informalidade do trabalho. João Pessoa: UFBP, 2011, p. 29-63.

LEVY, Charmain ; LATENDRESSE, Anne ; CARLE-MARSAN, Marianne Mouvement populaire urbain et femmes au Brésil : vers une féminisation des politiques publiques de l’habitation. In : TOMAZINI, Dans C. ; LUKIC, M. Rocha (Orgs.). L’analyse des politiques publiques au Brésil. Paris : Harmattan, 2013.

LIMA, Jacob Carlos; COCKELL, Fernanda Flávia As novas institucionalidades do trabalho no setor público: os agentes comunitários de saúde. Trabalho, Educação, Saúde, v. 6, n.3, p. 481-501, 2008/2009.

LIMA, Jacob Carlos; SOARES, Maria José Trabalho flexível e o novo informal. Caderno CRH, n. 37, p. 163-181, 2002.

LOMBARDI, Maria-Rosa Annotations sur les inégalités de genre du marche du travail”. In GEORGES, Isabel LEITE, Márcia de Paula (Orgs.). Nouvelles configurations du travail et economie sociale et solidaire. Paris: Harmattan, 2012, p. 91-110.

MELO, Hildete Pereira de, Castilho, M. « Trabalho reprodutivo no Brasil: quem faz? ». Rev. Econ. Contemp. [online] , v.13, n.1, p. 135-158, 2009. ISSN 1415-9848. Disponivel em : <http://dx.doi.org/10.1590/S1415-98482009000100006>. Acesso em: 20 de abril de 2014.

MORICE, Alain Potot, Swanie Introduction : Travailleurs étrangers entre émancipations et servitudes. In : MORICE, A. ; POTOT, S. (Dir.). De l’ouvrier immigré au travailleur sans papiers: les étrangers dans la modernisation du salariat. Paris : Karthala, 2010, p. 5-22.

NUN, J. L. Superpopulación relativa, ejército industrial de reserva y masa marginal. Revista Latinoamericana de Sociología, v. 5, n. 2, 1969.

OIT. Organização International de Trabalho. Employment, income and inequality : a strategy for increasing productive employment in Kenya, Geneves. In : OLIVEIRA, F. de. “A economia brasileira: crítica à razão dualista”. Estudos CEBRAP, n. 2, outubro 1972.

OLIVEIRA, Francisco de. “A economia brasileira: crítica à razão dualista”, Novos Estudos CEBRAP, 2, 1972, p.3-82.

PEATTIE, L. An Idea in good currency and how it grew: the Informal Sector. World Development, v. 15, n.7, p.851-860, 1987.

PÉREZ-SÁINZ, J. P. Globalización y neoinformalidad en America latina. Nueva Sociedad, n.135, p. 36-41, 1995.

QUIJANO, A. Notas sobre el concepto de ‘marginalidad social’. Santiago: División de Assuntos Sociales: Cepal, 1966. Mimeo,

SÁ JR. F. (Ed.) . Subemprego, problema estrutural. Rio de Janeiro: Vozes, 1970.

SANTOS, W. G. dos. Cidadania e justiça. Rio de Janeiro: Graal, 1979.

SASSEN, S. Essays on the new mobility of people and money. New York: The New York Press, 1998.

SILVA, A. L. Machado da. Mercados metropolitanos de trabalho manual e marginalidade: mémoire de maîtrise en sociologie. Rio de Janeiro: Museu Nacional: UFRJ, 1971.

SILVA, A. L. Machado da. Da informalidade a empregabilidade. Caderno CRH, Salvador, n. 37, p. 81-109, 2002

SILVA, A. L. Machado da. Sociabilidade violenta : por uma interpretação da criminalidade contemporânea no Brasil urbano. Sociedade e Estado. Brasília, v. 19, n.1, p. 53-84, 2004.

TARRIUS, A. Transmigrations européennes de travailleuses du sexe balkaniques et caucasiennes accompagnées de parentèles féminines. Revue Tiers Monde, n.217, jan.-mar., p. 25-43, 2014.

TIZZIANI, A. Entre travail « formel » et « informel » : la législation du travail et sa mise en pratique dans le secteur de l’emploi domestique dans la ville de Buenos Aires. Les Mondes du travail, n. 9/10, p.41-52. printemps-été, 2011.

TRONTO, J. Moral boundaries: a political argument for an ethic of care. New York : Routledge, 1993.

VIDAL, D. Les bonnes de Rio : emploi domestique et société démocratique au Brésil. Villeneuve d’Ascq: Presses universitaires du Septentrion, 2007.

WACQUANT, L. Punir les pauvres :le nouveau gouvernement de l’insécurité sociale. Marseille : Agone, 2004.

Downloads

Publicado

2016-04-25

Como Citar

GEORGES, Isabel Pauline Hildegard. O outro lado da formalização do trabalho do care no Brasil. PerCursos, Florianópolis, v. 16, n. 32, p. 169–187, 2016. DOI: 10.5965/1984724616322015169. Disponível em: https://www.periodicos.udesc.br/index.php/percursos/article/view/1984724616322015169. Acesso em: 20 abr. 2024.