Uma virada epistêmica feminista (negra): conceitos e debates

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.5965/2175180312292020e0101

Resumen

Busco sistematizar neste artigo alguns debates que percebo como centrais para os feminismos negros americanos, tomando como sujeitos/as de análise mulheres intelectuais estadunidenses e brasileiras, tratando de suas singularidades e da complementaridade de falas e discursos repletos de afetos e de exemplos de vida. Considerando a virada epistêmica feminista das últimas décadas, a partir dos conceitos de interseccionalidade e (de)colonialidade, traço paralelos com base na localização de mulheres intelectuais negras, mapeando protagonismos de sujeitos/as em situação de margem, que trazem suas vivências para teorizações acadêmicas e enfrentamentos políticos, inspiradas seja pela voz de Sojourner Truth, nos EUA, ou pela “escrevivência” de Conceição Evaristo, no Brasil, junto com a confiança nos orixás e o respeito à ancestralidade de matriz africana. Falas localizadas e em primeira pessoa emergem dessas narrativas e confrontam epistemologias hegemônicas, trazendo novas propostas ao meio acadêmico, colocando novos (e velhos) desafios para a história e a historiografia no tempo presente.

Palavras-chave: Feministas Negras. Racismo. Interseccionalidade. Colonialidade.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Ana Maria Veiga, Universidade Federal da Paraíba

Professora do Departamento de História da Universidade Federal da Paraíba, atuando nas áreas de Teoria da História, Estudos de gênero e feministas, Teorias decoloniais, Cinema e Imagens na História. Líder do grupo de pesquisa ProjetAH - História das Mulheres, Gênero, Imagens, Sertões.

Citas

AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. Col. Feminismos plurais. São Paulo: Sueli Carneiro/Pólen, 2019.

ANZALDÚA, Gloria. La conciencia de La mestiza: Rumo a uma nova consciencia. Estudos Feministas, v.13. n.3, 2005, p. 704-719.

BHABHA, Homi K. O local da cultura. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.

BALLESTRIN, Luciana. América latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política, n.11. Brasília, maio-agosto, 2013, p. 89-117.

BIDASECA, Karina. Mundos (pos)coloniales. Consideraciones sobre la raza, género/sexo, agencia/tempo y ensaio sobre el Tercer feminismo. Crítica y Emancipación - Revista Latinoamericana de Ciencias Sociales. Año VI, n.11, enero-junio 2014, p. 63-86.

BIDASECA, Karina. Estéticas descoloniales, cuerpos, tempo y espacio: los selkmam de Tierra del Fuego y las silhuetas de Ana Mendieta. In: ROCHA, Marcos Antonio M. Gênero, cultura e mídia. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2016, p. 111-134.

BOUTELDJA, Houria. Raça, classe e gênero: uma nova divindade de três cabeças. Caderno de Gênero e Diversidade, v.2, n.2, jul./dez. 2016.

BRAH, Avtar. Diferença, Diversidade, Diferenciação. Cadernos Pagu, Campinas, n.26, jan./jun. 2006, p. 329-376.

BRAH, Avtar; PHOENIX, Ann. Ain’t I A Woman? Revisiting intersectionality. Journal of International Women’s Studies, vol. 5 (3), 2004.

COLLINS, Patricia Hill. Pensamento feminista negro: conhecimento, consciência e a política do empoderamento. Trad. Jamille Pinheiro Dias. São Paulo: Boitempo, 2019.

CRENSHAW, Kimberle. Demarginalizing the intersection of race and sex: a black feminist critique of antidiscrimination doctrine, feminist theory and antiracist politics. The University of Chicago Legal Forum: feminism in the law - theory, practice and criticism, Chicago, v. 1989, p. 139-167.

CRENSHAW, Kimberle. Mapping the margins: intersectionality, identity politics, and violence against women of color. Stanford Law Review, Califórnia, n.6, p. 1.241-1.299, 1991.

CRENSHAW, Kimberlé. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Estudos Feministas, vol. 10, n. 1, 2002, p. 171-188.

DAVIS, Angela. Mulher, raça e classe. Plataforma Gueto. Tradução livre, 2013.

DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Félix. 1995. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Vol.1. Trad. Aurélio Guerra Neto e Celia Pinto Costa. São Paulo: Editora 34, 2005.

FANON, Frantz. 1951. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.

FEMENÍAS, María Luisa. Esbozo de um Feminismo Latinoamericano. Estudos Feministas, Florianópolis, Vol. 15, n. 1, jan./abr. 2007, p. 11-25.

GILROY, Paul. O Atlântico negro. São Paulo: 34, 2008.

GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo Afro-latino-americano. Caderno de Formação Política do Círculo Palmarino, n. 1, p. 12-20, 2011.

GROSFOGUEL, Ramón. Descolonizando los universalismos occidentales: el pluri-versalismo transmoderno decolonial desde Aimé Césaire hasta los zapatistas. In: CASTRO-GÓMEZ, Santiago & GROSFOGUEL, Ramón (coord.) El giro decolonial: reflexiones para uma diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre, 2007.

HALL, Stuart. The work of representation. In: Representation: Cultural Representations and Signifying Practices. London: The Open University/Sage Publications, 1997, p. 13-74.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.

HENNING, Carlos Eduardo. Interseccionalidade e pensamento feminista: As contribuições históricas e os debates contemporâneos acerca do entrelaçamento de marcadores sociais da diferença. Mediações, Londrina, v. 20, n.2, p. 97-128, jul./dez. 2015.

hooks, bell. 1990. Olhares negros: raça e representação. São Paulo: Elefante, 2019a.

hooks, bell. 1984. Erguer a voz: pensar como feminista, pensar como negra. São Paulo: Elefante, 2019b.

hooks, bell. 1981. Ain’t I a woman? Black women and feminism. Boston (USA): South End, 1981.

KELLNER, Douglas. A cultura da mídia – estudos culturais: identidade e política entre o moderno e o pós-moderno. Bauru, SP: EDUSC, 2001.

LORDE, Audre. 1984. Sister outsider: essays and speeches, New York: Ten Speed Press, 2007.

LUGONES, María. Colonialidad y género. Tabula Rasa. Bogotá/Colombia, n.9: 73-101, julio-diciembre 2008.

NEPOMUCENO, Bebel. Protagonismo ignorado. In: BASSANEZI, Carla (org.); PEDRO, Joana M. (org.). Nova História das Mulheres. São Paulo: Contexto, 2012, p.382-409.

PISCITELLI, Adriana. Interseccionalidades, categorias de articulação e experiências de migrantes brasileiras. Sociedade e Cultura, Goiania, v. 11, n.2, jul./dez. 2008, p. 263-274.

PUAR, Jasbir. “Prefiro ser um ciborgue a ser uma deusa”: interseccionalidade, agenciamento e política afetiva. Meritum, Belo Horizonte, v. 8, n.2, p. 343-370, jul./dez. 2013.

QUIJANO, Aníbal (2000). Colonialidad del poder y clasificación social. Journal of world-systems research, v. 11, n. 2, p. 342-386.

RICHARD, Nelly. Intervenções críticas: arte, cultura, gênero e política. Belo Horizonte: UFMG, 2002.

RIBEIRO, Djamila. Lugar de fala. Coleção Feminismos plurais. São Paulo: Sueli Carneiro/Pólen, 2019.

SAID, Edward W. 1978. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. Trad. Tomás Rosa Bueno. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.

SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2010.

WERNER, Michael e ZIMMERMANN, Bénédicte. (dirs.). De la Comparaison à l’Histoire Croisée. Paris: EHESS/Seuil, 2004.

XAVIER, Giovana. Você pode substituir mulheres negras como objeto de estudo por mulheres negras contando sua própria história. Rio de Janeiro: Malê, 2019.

Publicado

2020-04-30

Cómo citar

VEIGA, Ana Maria. Uma virada epistêmica feminista (negra): conceitos e debates. Revista Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 12, n. 29, p. e0101, 2020. DOI: 10.5965/2175180312292020e0101. Disponível em: https://www.periodicos.udesc.br/index.php/tempo/article/view/2175180312292020e0101. Acesso em: 17 may. 2024.