A RELEVÂNCIA DO MUSEU DAS FAVELAS PARA UMA EDUCAÇÃO INTERCULTURAL E DECOLONIAL
DOI:
https://doi.org/10.5965/2594641209022025e4055Palavras-chave:
Interculturalidade, Decolonialidade, Educação em Museus, Culturas PeriféricasResumo
Este artigo examina as contribuições do Museu das Favelas para uma educação intercultural e decolonial, analisando sua atuação como equipamento cultural voltado à promoção da pluralidade epistêmica. Inaugurado como instituição dedicada à valorização das culturas periféricas e à desconstrução de narrativas eurocêntricas, o Museu consolidou-se como referência na amplificação de vozes historicamente silenciadas. A partir de visitas e estudos realizados em 2023, período de intensificação de suas atividades, observou-se como suas iniciativas culturais e educativas fomentaram a ressignificação de territórios urbanos, a valorização de saberes afro-brasileiros e indígenas, e o fortalecimento de comunidades periféricas. Contudo, com a transição para um governo estadual conservador, alinhado a agendas políticas de extrema direita, o Museu passou por um processo de desestruturação e subutilização enquanto política pública. Esse contexto não apenas compromete sua estrutura operacional, mas também contradiz sua missão original como espaço de inclusão e decolonização, ilustrando os impactos de oscilações político-ideológicas na gestão de iniciativas culturais transformadoras. Ancorado nos referenciais da interculturalidade crítica e da pedagogia decolonial, este estudo articula análises teóricas e empíricas, destacando a relevância do Museu como locus de resistência e reflexão. Apesar dos desafios impostos, o Museu das Favelas mantém-se como símbolo da luta pela diversidade cultural e pela reparação histórica no Brasil, reafirmando a necessidade de políticas públicas que garantam a permanência de espaços culturais comprometidos com o diálogo intercultural e a construção de uma educação plural.
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