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Práticas artísticas no Antropoceno
Marina Souza Lobo Guzzo; Susana Oliveira Dias;
Alana Moraes; Guilherme Moura Fagundes; Walmeri Ribeiro;
Kidauane Regina Alves; Renzo Taddei
Para citar este artigo:
GUZZO, Marina Souza Lobo; DIAS, Susana Oliveira;
MORAES, Alana; FAGUNDES, Guilherme Moura; RIBEIRO,
Walmeri; AVES, Kidauane Regina; TADDEI, Renzo. Práticas
artísticas no Antropoceno. Tradução: Das autoras do artigo.
Urdimento
Revista de Estudos em Artes Cênicas,
Florianópolis, v. 3, n. 56, dez. 2025.
DOI: 10.5965/1414573103562025e0702
A Urdimento está licenciada com: Licença de Atribuição Creative Commons (CC BY 4.0)
Práticas artísticas no Antropoceno
Marina Souza Lobo Guzzo | Susana Oliveira Dias | Alana Moraes | Guilherme Moura Fagundes
Walmeri Ribeiro | Kidauane Regina Alves | Renzo Taddei
Florianópolis, v.3, n.56, p.1-30, dez. 2025
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Práticas artísticas no Antropoceno
Marina Souza Lobo Guzzo1 | Susana Oliveira Dias2 |Alana Moraes3
Guilherme Moura Fagundes4 |Walmeri Ribeiro5 | Kidauane Regina Alves6 |Renzo Taddei7
Resumo
Este artigo analisa perspectivas ocidentais em um diálogo frutífero com perspectivas não ocidentais
sobre a emergência climática e as experiências artísticas em meio ao debate em curso sobre os futuros
atualmente em jogo na crise climática ou emergência climática. Indo além das várias maneiras de nomear
essa crise, focamos em como a arte pode comunicar, vislumbrar e ativar maneiras de habitar esse
problema, abrindo comunidades para uma coexistência não humana e reconfigurando as questões como
as entendemos em um sentido geológico, natural ou material. As análises indicam que, em vez de visar a
uma solução singular, múltiplos exercícios e caminhos imaginativos e especulativos de narrativas podem
contar histórias diferentes e vislumbrar futuros alternativos. Se a crise climática desencadeada no
Antropoceno é uma crise compartilhada tanto política quanto estética então a arte, inseparável da
vida e, portanto, da natureza, desempenha um papel crucial no cuidado e na potência de imaginar outros
mundos possíveis.
Palavras-chave
: Arte. Antropoceno. Mudanças climáticas.
Artistic Practices in the Anthropocene
Abstract
This article reviews Western perspectives in a fruitful dialogue with non- Western perspectives on
the climate emergency and artistic experiences amid the ongoing debate about futures currently at stake
in the climate crisis or climate emergency. Moving beyond the various ways of naming this crisis, we focus
on how art can communicate, envision, and activate ways of inhabiting this problem, opening communities
to an other-than-human coexistence and reconfiguring matters as we understand them in a geological,
natural, or material sense. The analyses indicate that, instead of aiming at a singular solution, multiple
exercises and imaginative and speculative avenues of narratives can tell different stories and envision
alternative futures. If the climate crisis ignited in the Anthropocene is a shared crisis both political and
aesthetic then art, inseparable from life and hence nature, holds a crucial role in nurturing care and the
potency of imagining other possible worlds.
Keywords
: Art. Anthropocene. Climate change.
Prácticas artísticas en el Antropoceno
Resumen
Este artículo revisa perspectivas occidentales en un diálogo fructífero con perspectivas no
occidentalessobre la emergencia climática y las experiencias artísticas en medio del debate en curso
acerca de los futuros que están actualmente en juego en la crisis o emergencia climática. Más allá de las
diversas formas de nombrar esta crisis, nos centramos en cómo el arte puede comunicar, imaginar y
activar modos de habitar este problema, abriendo a las comunidades hacia una coexistencia más-que-
humana y reconfigurando las materias tal como las entendemos en un sentido geológico, natural o
material. Los análisis indican que, en lugar de aspirar a una solución única, múltiples ejercicios y caminos
imaginativos y especulativos de narrativas pueden contar diferentes historias y proyectar futuros
alternativos. Si la crisis climática encendida en el Antropoceno es una crisis compartida tanto política
como estética, entonces el arte, inseparable de la vida y por ende de la naturaleza, desempeña un papel
crucial en el cultivo del cuidado y en la potencia de imaginar otros mundos posibles.
Palabras clave
: Arte. Antropoceno. Cambio climático.
1 Laboratório de Corpo e Arte, Departamento de Saúde, Clínica e Instituição, Instituto Saúde e Sociedade, Universidade Federal de
São Paulo (Unifesp), Santos. marina.guzzo@unifesp.br
http://lattes.cnpq.br/5559657064845007 https://orcid.org/0000-0002-9978-4014
2 Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas.
3 Departamento de Ciências da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
4 Departamento de Antropologia, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo.
5 Departamento de Artes e Estudos Culturais, Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói.Wa
6 Programa Interdisciplinar em Ciências da Saúde, Instituto Saúde e Sociedade, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Santos.
7 Instituto do Mar, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Santos.
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Introdução
O Antropoceno traz consigo uma infinidade de desafios para a existência humana e
outras formas de vida. As mudanças climáticas são talvez o mais agudo.8 Conforme
resumido por Latour e Schultz, “as mudanças climáticas intensificam ou metamorfoseiam
dramaticamente as forças que garantem a continuidade e a sobrevivência das sociedades.
O sistema de produção tornou-se sinônimo do sistema de destruição” (Latour e Schultz,
2022, p. 27). Para a maioria dos indivíduos envolvidos com essa questão, a maneira
imediata de responder a esse estado de coisas é vincular tais desafios às dimensões
materiais da existência, como os riscos associados à produção de energia ou alimentos
ou a exposição a eventos atmosféricos extremos. No entanto, o Antropoceno também
implica uma crise na forma como imaginamos, sentimos e representamos o mundo, o
que traz consequências profundas (Haraway, 2016a; Haraway, 2016b; Latour, 2017; Davis e
Turpin, 2015). As evidências dessa dimensão do problema estão longe de ser escassas: a
natureza não é o que o pensamento ocidental iluminista imaginou (Latour, 2017), e as
descrições científicas das inúmeras dimensões do problema não parecem capazes de
alterar efetivamente os padrões operacionais institucionais ou os comportamentos
humanos coletivos (Davis e Turpin, 2015). A esperança de que a produção e a disseminação
de informação científica de qualidade desencadeassem as transformações sociais
necessárias não se mostrou ilusória como também revelou que o desafio de
compreender os mecanismos de transformação social é tão pronunciado, senão mais
significativo, do que o de compreender o próprio ambiente (Latour, 2022; Latour, 2017;
Stengers, 2015).
Latour e Schultz (2022) sugerem que o colapso climático, em comparação com
emergências sociopolíticas anteriores, como grandes guerras, episódios de reconstrução
nacional e disputas geopolíticas em torno da globalização, parece possuir uma
especificidade um tanto mais perturbadora. Hoje, a “certeza da catástrofe parece paralisar
a ação. No mínimo, não há alinhamento entre as representações do mundo, as energias a
serem liberadas e os valores a serem defendidos” (Latour e Schultz, 2022, p. 31). Os
autores apontam para o que identificam como o impasse central diante da questão da
crise climática: a impotência de agir coletivamente. Tomar medidas para mudar esse
estado de paralisia exigiria transformações nos regimes de sensibilidade, estética e
paixões que envolvem as pessoas com o mundo agora não mais paixões modernas
ligadas a um senso de história progressiva carregando um futuro irreversível, mas sim
aquelas capazes de gerar novos engajamentos e composições sensíveis e materiais entre
humanos e não humanos e recriar condições de habitabilidade em um mundo danificado
(Haraway, 2016a; Latour, 2017, Tsing, 2019).
Nossa capacidade de pensar e dar sentido aos desafios da condição contemporânea
é um eixo incontornável da questão. As humanidades, as artes, as ciências sociais e as
ciências comportamentais têm se dedicado a esse tema (Haraway, 2016a; Haraway, 2016b;
Latour, 2017; Davis e Turpin, 2015). No entanto, o esforço para compreender como o
problema se manifestou e permanece presente traz consigo a necessidade de reflexão
sobre a adequação e a eficácia de paradigmas e padrões de pensamento e atribuição de
significado arraigados especialmente para entidades no mundo que, por existirem em
escalas temporais e espaciais extremamente alongadas, como o clima e suas
transformações, desafiam os padrões e as capacidades de pensamento humano (Morton,
2013).
Nesse contexto, algumas questões são inevitáveis: as narrativas, os arcabouços
interpretativos e as estratégias epistemológicas que caracterizam as arenas e instituições
8 Reconhecemos que as mudanças climáticas são apenas uma dimensão do Antropoceno. Elas foram escolhidas como
foco deste trabalho por razões metodológicas, dada a impraticabilidade de trabalhar com a vasta literatura sobre a nova
era geológica.
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mais proeminentes do mundo contemporâneo são suficientes para criar engajamentos e
respostas firmes aos desafios colocados por questões emergentes? A crítica ao que é
reconhecido como as causas da crise climática, presente em espaços e fóruns
intergovernamentais e em instituições científicas dedicadas à pesquisa ambiental ou à
justiça distributiva, por exemplo, possui a eficácia necessária para enfrentar os desafios
de um futuro cada vez mais distópico? Ou essas formas de entender o mundo
compartilham os mesmos paradigmas que inicialmente geraram a crise, sendo, em última
análise, contraproducentes? Essas são questões desafiadoras das quais o debate
contemporâneo não pode se esquivar. Tal estado de coisas exige reavaliar a percepção
do esforço científico, seus contextos e suas implicações sociopolíticas. Argumentamos
que o esforço para produzir novas estratégias de imaginação e pensamento e para criar
futuros possíveis em comunidades ampliadas, como sugerido por Funtowicz & Ravetz
(1997), foi desenvolvido e sustentado por meio de práticas artísticas em diálogo com
práticas científicas e territórios e populações afetadas pelo novo regime climático (Latour,
2017).
Este artigo sintetiza, ainda que parcial e provisoriamente, as respostas a esse novo
regime climático e ao Antropoceno desenvolvidas no âmbito das artes. A criação artística
se apresenta como um campo vibrante para explorar essas questões, combinando
experimentação, prática e reflexão, e possui um grau de liberdade maior do que quase
todas as outras instâncias de pesquisa, incluindo abordagens transdisciplinares. Também
possui a capacidade de explorar o futuro por meio de estratégias de elaboração
especulativa e o potencial para experimentar realidades alternativas por meio de
abordagens cuidadosas, participativas e responsáveis.
Como demonstramos a seguir, o panorama recente da produção artística indica que,
nesse domínio, um diagnóstico unânime de que os paradigmas de percepção e
pensamento da modernidade ocidental distintamente suas dimensões individual-
utilitária, desenvolvimentista, extrativista e especista-antropocêntrica, para citar algumas
são parte do problema e precisam ser abandonados. Reflexões e reações sobre como
o mundo moderno organizou as naturezas humana e não humana” (Moore, 2022, p. 27)
vêm à tona como pano de fundo desse empreendimento artístico. Essa organização ainda
define a estrutura do mundo cotidiano para vastos segmentos da população global,
tornando-se assim naturalizada e invisível.
Dessa forma, a arte se posiciona como um instrumento para desorganizar
gramáticas de percepção estabelecidas, visando trazer nova visibilidade à violência e às
desigualdades enterradas sob padrões inerciais de comportamento e relações com o
mundo. Simultaneamente, os processos artísticos podem evocar práticas capazes de
conferir o poder de sentir, pensar e decidir juntos o que uma situação exige” (Stengers,
2017, p. 398). A ruptura do presente é uma estratégia na luta por futuros. Afinal,
contemplar a relação entre arte e Antropoceno é também discutir a crise do pensamento
crítico (Zylinska, 2014) e, consequentemente, a crise da imaginação. Assim, este artigo se
concentra em trabalhos acadêmicos e artísticos que fomentam discussões sobre arte e
a crise climática, especialmente no âmbito da arte contemporânea e suas diversas formas
de expressão. Abrange também a prática artística como fonte de discurso e reflexão.
A proposta de aproximar a arte da questão da crise climática surge da necessidade
de amplificar vozes, imagens e modos de existir diante do problema. As ciências precisam
circular e dialogar com outros setores políticos e sociais em um mundo à beira de uma
catástrofe climática regido pelo capitalismo de desastre (Klein, 2017). Pontes entre
cientistas, laboratórios e comunidades são necessárias e precisam ser construídas
diariamente e muitos artistas têm feito isso, de diferentes maneiras, como veremos a
seguir.
Por meio de múltiplas narrativas, as práticas artísticas evidenciam a ambiguidade e
a contradição de nossos modos de existir e sentir na Terra e como entendemos e nos
relacionamos com seus outros habitantes e materiais, tratando-os como recursos ou
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estruturas. Um elemento central da discussão aqui é o fato de que a arte pode nos
aproximar do problema por meio de uma política de sensibilidade, atenção e cuidado,
sem separar o que é humano do que é não humano, tornando mais tangível o conceito
de que conhecer e pensar são inconcebíveis sem uma multiplicidade de relações que
também tornam possíveis os mundos com os quais pensamos” (De la Bellacasa, 2012,
p.198).
Autores como Latour (2017), Stengers (2015), Haraway (2016a) e Tsing (2019) apontam
que a separação conceitual entre natureza e cultura é empiricamente injustificada e
politicamente contraproducente. Como resultado, as relações políticas não podem
continuar a reproduzir o caráter centrado no homem que se mantém no pensamento
ocidental. As construções filosóficas, artísticas e políticas da história da civilização
ocidental foram baseadas na estabilidade climática que caracterizou o Holoceno isto
é, condições ecológicas estáveis o suficiente para que a percepção ocidental
eventualmente parasse de perceber e sentir a agência de agentes não humanos em
questões de existência e coletividade, criando a ideia de uma Natureza que existe como
um pano de fundo ou palco inerte sobre o qual a ação humana se desenrola (Guzzo e
Taddei, 2019). Isabelle Stengers (2015) emprega a frase intrusão de Gaia para se referir à
intrusão de uma Terra viva na política, onde os processos atmosféricos, hidrológicos,
geológicos e biológicos deixam de reproduzir padrões históricos (conhecidos ou não),
desorganizando assim os assuntos humanos em escalas sem precedentes. Nas palavras
do autor, o problema mais grave não é que o capitalismo não se importe com a atmosfera,
mas sim que a atmosfera não se importe com o capitalismo (Stengers, 2015).
Diante disso, é importante ampliar os significados políticos das artes para criar novas
formas de relação entre os seres vivos. O regime estético das artes, dessa forma, opera
muito além das questões do belo ou do sublime; é responsável por ativar “partições do
sensível, do dizível, do visível e do invisível”, que por sua vez ativam “novos modos
coletivos de enunciação” (Rancière, 2005) e percepção, criando vetores inesperados de
subjetivação e novas formas de vida. Essa partilha e distribuição do sensível surgem da
força expressiva do material artístico.
Nesse sentido, é importante esclarecer que, em vez de evocar uma concepção
ampla e universal de arte, a maioria das obras apresentadas nesta resenha subscreve um
entendimento que se alinha com a proposição de Dénetém Touam Bona: a arte é uma
prática que testemunha “o intolerável, o imundo, a destruição do mundo: seja a sexta
extinção em massa de espécies vivas ou a agonia sinistra do direito de asilo” (Bona, 2020,
p.34). Isso implica a promoção de práticas artísticas genuinamente engajadas em formas
de transformação social, em vez de apenas reproduzir o que o mercado de arte considera
urgente. A arte é abordada aqui, seguindo Erin Manning (2016), como um caminho ou
modo, o que significa que os artistas estão menos preocupados com os objetos e mais
interessados em processos ou no que ainda está por vir.
A arte proposta sob essa perspectiva pode nos oferecer maneiras de imaginar outros
sentidos, práticas, corpos, movimentos, materiais e alianças. É uma prática artística que
fala menos de preocupações puramente estéticas e mais de formas ético-políticas de
fazer arte, propondo novos modos de criação, engajamento e fluxo de produção artística,
além de romper com o foco estrito em objetos ou obras tão prevalente na arte
mainstream. Construir esse modo de prática artística demanda a proposição de novos
métodos e procedimentos de criação e um novo vocabulário para artistas, curadores e
críticos. Em outras palavras, é uma nova maneira de pensar e agir diretamente relacionada
à potência da arte e sua ação propositiva na construção do pensamento sensível e crítico
(Ribeiro et al, 2021).
A relação entre arte e ecologia é de particular interesse dentro do amplo espectro
de práticas aqui tratadas. Ruth Wallen (2012) aponta que tal relação se baseia em
expressivo conhecimento interdisciplinar e em uma ética ecológica que aborda a inter-
relação dos aspectos físicos, biológicos, culturais, políticos e históricos dos ecossistemas.
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Com
[...] perguntas provocativas, metáforas poderosas, identificando padrões, tecendo
histórias, oferecendo restauração e remediação, usando criativamente materiais
renováveis e reimaginando sistemas, artistas ecológicos inspiram, defendem e
inovam, revelando e/ou aprimorando relações ecológicas enquanto moldam
valores ecológicos (Wallen, 2012, p.235).
Isso implica uma tecnologia de invenção e existência, de produção imaginativa,
subjetiva e social de bem-estar (Guzzo, 2022). É uma ecologia de práticas (Stengers, 2015),
a partir da qual é possível pensar, decidir e produzir fronteiras entre o visível e o invisível
em meio à disputa por futuros. Diante de tudo o que foi apresentado até agora, a questão
não é presumir que a arte produzirá soluções para a crise que a tecnologia não foi capaz
de construir. Em vez disso, trata-se de desarticular os jogos epistemológicos e políticos
da modernidade desenvolvimentista ocidental.
Os novos regimes de percepção, imaginação e ação para os quais a prática artística
se voltou revelam problemas existenciais mais profundos e complexos nas relações
humanas com outras formas de vida, por exemplo que não serão resolvidos com mais
tecnologia. As práticas e relações sociopolíticas devem se transformar para que as
coletividades humanas assumam a responsabilidade e a capacidade de responder aos
efeitos de sua presença sem a utopia de que os problemas serão resolvidos de forma
eficaz e definitiva. Como nos diz Haraway (2016b), permaneceremos com o problema, e é
necessário construir maneiras de habitá-lo por meio de vias imaginativas e
especulativas, narrativas capazes de produzir outras histórias e mundos.
Este artigo dialoga com contribuições teóricas e obras artísticas que consideramos
importantes por seu potencial narrativo e político. Entrelaçando exposições, obras de arte,
ações artísticas e ativismo, além de contribuições teóricas significativas, o artigo apresenta
um panorama que traça o desenvolvimento da relação entre arte e Antropoceno nos
últimos 20 anos. Começamos com a questão dos nomes e narrativas que definem o
Antropoceno e o novo regime climático, mencionando exposições que abordam dados
científicos; passando por projetos que envolvem imersão e conexão com territórios e
paisagens; e culminando em questões decoloniais, identitárias e queer. O texto conclui
enfatizando o papel de coletivos, plataformas e grupos que defendem o(s) comum(s)
como um elemento-chave em torno de propor, pensar e criar arte diante da crise
climática.
Estruturas conceituais
O Antropoceno e as crises e emergências a ele associadas precisam, acima de tudo,
ser imaginados. Como o fazemos é uma parte crucial do problema. Embora seja
incontroverso que a crise seja resultado da ação humana, o fato de as respostas oficiais
mais comuns apontarem para mais investimentos em ciência e tecnologia, agora em
escala planetária (por exemplo, na forma de geoengenharia; ver Taddei, 2017), demonstra
que a forma como percebemos a questão é frequentemente ignorada como uma variável
essencial.
As imensas dificuldades envolvidas em lidar com os aspectos científicos e políticos
do problema destacam que não se pode presumir tacitamente que os atores centrais (no
sistema, como a ONU, por exemplo) possuam as ferramentas e estratégias epistêmicas,
cognitivas, emocionais e materiais para lidar com a questão. Nas palavras de Danowski e
Viveiros de Castro (2014), sem as ferramentas conceituais e perceptivas necessárias, o
mundo pode acabar sem que sejamos capazes de perceber o fato (e, portanto, vivenciá-
lo de forma inarticulada, por meio do caos e do terror) (Guzzo e Tadei, 2019).
O campo das humanidades sinalizou, a partir da proposição da nova era geológica,
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que a imaginação por trás do Antropos que ela inspirou não era apenas equivocada, mas
também politicamente perigosa (Tadei, Shiratori e Bulamah, 2022). A controvérsia que se
seguiu, com a proposta de nomes alternativos Capitaloceno (Moore, 2016), Piroceno
(Pyne, 2022), Chthuluceno (Haraway, 2016a), Plantationoceno (Tsing, 2019) e Negroceno
(Ferdinand, 2022), entre outros demonstra a existência de uma luta pela imaginação,
embora nenhuma das proposições alternativas tenha se mostrado eficaz fora das artes,
humanidades e ciências sociais. Elizabeth Povinelli (2021) afirma que seria mais apropriado
pensar em uma “catástrofe ancestral”, sugerindo que o que vivenciamos agora são as
múltiplas expressões de uma catástrofe que ocorreu no passado por meio do esforço
colonial planetário e seu assentamento erradicador, na expressão de Achille Mbembe
(2021).
Malcom Ferdinand (2022) correlaciona a crise ambiental com os modos de habitar
o mundo característicos do colonialismo europeu, demonstrando que a violência contra
os ecossistemas e a violência contra corpos racializados e escravizados estão
intrinsecamente ligadas. O autor demonstra os mecanismos pelos quais a violência pode
engendrar relações de alienação diante de outros corpos e outras vidas, com profundas
repercussões nas relações ecológicas. Ferdinand evidencia que os modos de existência
quilombolas9 se constituíram como resistência à habitação colonial e, assim, se
apresentam como horizonte de uma nova ecologia, que soube fazer mundos junto com
outros-que-humanos e em meio à tempestade colonial que subjaz à atual crise ecológica
e climática.
Habitar o Antropoceno (Moulin et al, 2022) é uma tarefa urgente a ser realizada “sem
cair no pessimismo, como se não tivéssemos mais nada a fazer” (Costa, 2022, p. 61).
Matthieu Duperrex (2018) propõe a ideia de “habitar o descartável/resíduo” como um
programa forte para a “arte no Antropoceno”. Segundo o autor, o Antropoceno seria a
expressão da produção material da modernidade baseada na perda e no descarte do que
é considerado crescimento. Ele menciona a plataforma World of Matter
(http://worldofmatter.net) que investiga a existência de matérias-primas em uma crítica
ao conceito de recursos e à violenta alienação ecológica da qual depende sua existência.
A proposta não é uma “utopia de refúgio”, mas uma arte que nos lembre que “[nós somos
parte de uma odisseia do fim do mundo, onde a vida e a morte, o mecânico e o orgânico,
os meios de produção e a mercadoria podem girar num ‘círculo fantasmagórico’ no olho
de um peixe moribundo” (Duperrex, 2018, p.41).
As práticas artísticas podem nos ajudar a imaginar e narrar outros finais que não
necessariamente culminam em catástrofe ou finalidade. Elas também nos ajudam a
imaginar e praticar outras ciências e tecnologias e a compreender a crise como uma
oportunidade para reconsiderar como nos sentimos e vivemos na Terra, passando da
perspectiva do colapso para a posição da ação e da mudança necessária (Riechmann,
2019). Ao fazê-lo, adiam o fim do mundo, como proposto por Ailton Krenak (2019). Como
contraponto, Malcolm Miles (2010) afirma que as artes têm o potencial de estimular
mudanças de atitude. Ainda assim, quando se apresentam apenas como mais uma forma
de representação, distanciam-se dos problemas que anunciam. Ele conclui que a arte
pode chamar a atenção para questões emergentes e apontar contradições.
Julien Knebusch (2008), por outro lado, afirma que a arte pode nos ajudar a vivenciar
e revelar nosso engajamento com o clima, a perturbação de seu equilíbrio e sua
importância para o nosso mundo, da mesma forma que os paisagistas remodelaram a
relação entre os humanos e seu meio ambiente. Knebusch aponta para a literatura que
documenta tanto (a) a relação entre a pintura de paisagem e a criação de percepções
sobre o meio ambiente que levaram ao conservacionismo (Cauquelin, 2007) quanto (b) a
construção de uma perspectiva particular dissociada do mundo não humano que coexiste
9 Quilombolas referem-se aos africanos escravizados que escaparam das plantações e outras relações opressivas no
contexto colonial português. Hoje, as comunidades quilombolas também configuram um poderoso movimento político e
territorial ao lado de indígenas e outros povos tradicionais no Brasil.
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com o desenvolvimento da pintura de natureza-morta (Yussof e Gabrys, 2011).
As práticas artísticas também desempenham um papel fundamental na reflexão
sobre nossas representações e formas de compreensão das mudanças ambientais, desde
a construção de cenários até metáforas, enquadramentos éticos e todos os tipos de
inscrições produzidas por investigações materiais (Yussof e Gabrys, 2011). É por meio da
imaginação que podemos ver, sentir, pensar e sonhar, criando as condições para
intervenções materiais e sensibilidades políticas no mundo (Johas, 2018), afirma Guzzo
(2022), destacando as práticas artísticas como uma possibilidade de vislumbrar futuros e
refúgios.
Roosen
et al.
(2018) aprofundam a questão a partir de um ponto de vista psicológico,
afirmando que a arte frequentemente emprega metáforas, analogias ou narrativas
frequentemente ausentes nas comunicações sobre a questão climática. Isso é
especialmente importante, visto que muitas pessoas ainda percebem as questões
climáticas como problemas abstratos que não representam uma ameaça direta. Os
autores argumentam que a arte também pode ajudar a estabelecer uma identidade
coletiva e fornecer um senso de apoio nos esforços para abordar as principais questões
e problemas envolvidos na crise.
O mundo da arte tem abordado de forma crescente e crítica as questões climáticas
e, de forma mais ampla, a relação entre a humanidade e a natureza (Roosen et al, 2018;
Hahn e Vermeylen, 2023; Szerszynski
et al
, 2003). Artistas, curadores, programadores e
produtores culturais realizaram inúmeras obras sobre o tema (Giannachi, 2012; Demos,
2016; Galafassi
et al
, 2018) no circuito artístico e por meio de intervenções críticas em
espaços públicos, como demonstrado por sua presença engajada na COP21 em Paris
(Drabble, 2016). Duas ações impactantes que ocorreram em espaços públicos durante o
evento foram Ice Watch (https://icewatchparis.com), de Olafur Eliasson e Minik Rosing, na
Place du Panthéon (ver Figura 1), e a intervenção Units of Artistic Energy
(http://www.artists4climate.com/en/artists/yann-toma/), de Yann Toma, na Torre Eiffel.
Outras 15 obras foram encomendadas e vendidas para arrecadar fundos para ações
relacionadas ao clima (Drabble, 2016).
Do gelo à terra
Exemplos de exposições de arte recentes sobre este tema começam com
exposições de simulação-imersão e transitam para outras abordagens. Um dos primeiros
exemplos ocorreu em 2003, com uma exposição de simulação-imersão sobre mudanças
climáticas na Cité des Sciences et de l’Industrie (Cité Sci. Ind., 2004), em Paris. Climax
propôs uma imersão visual no futuro planeta Terra, imaginando transformações do nosso
meio ambiente e das condições de vida de acordo com diferentes cenários de
antecipação. Nessa exposição, dados científicos, informações e projeções futuras foram
organizados em torno do conceito de imersão. O espectador foi convidado a entrar na
questão por meio de um choque.
Muitas outras atividades semelhantes se seguiram e, aos poucos, a experiência de
imersão para reflexão crítica foi se transformando, como podemos ver em The Ship: The
Art of Climate Change (Davies, 2006) e Weather Report: Art and Climate Change (Lippard
et al, 2007). Um aumento significativo ocorreu a partir de 2015, com destaques como
Critical Zones (Center for Art and Media Karlsruhe, 2020) (20202022) na Alemanha, Back
to Earth (Serpentine, 2022) (parte da trigésima segunda Bienal de São Paulo)10 no Brasil,
Simbiología: prácticas artísticas en un planeta en emergencia
10 A trigésima segunda Bienal de São Paulo, a mais importante exposição de arte contemporânea da América Latina, ocorreu
em 2016 e apresentou obras que se baseavam em sobreposições de conhecimento sobre o mundo, transitando entre
arte, ciência e religião. A exposição, com curadoria de Jochen Volz, teve como objetivo traçar reflexões cosmológicas,
inteligência ambiental e coletiva, e ecologias natural e sistêmica. Muitas das obras abordavam a crise climática e outras
formas de relação entre humanos e natureza.
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(https://simbiologia.cck.gob.ar) (2021) na Argentina, A Clearing in the Forest
(Büyüktas¸ciyan, 2022), When I Imagine the Earth, I Imagine Another (Dyer e Engelmann,
2021), We Are History (Eshum, 2021-2022), Eco-Visionaries (Royal Academy, 2019-2020),
Our Time on Earth (Till e Franklin, 2022), Adaptation: A Reconnected Earth (Cruz e Tana,
2023) e Our Ecology (Germann e Reiko, 2023), entre outros, em muitos lugares diferentes
do mundo.
Nurmis (2016) argumenta que a relação entre arte e mudanças climáticas evoluiu
notavelmente como uma expressão inerentemente artística, em vez de uma abordagem
puramente propagandística ou ativista. Apesar de diversas críticas, a arte desempenha um
papel fundamental em incitar o público a reconsiderar o impacto das ações cotidianas
dos seres humanos na transformação irreversível do sistema climático, contribuindo
assim para consolidar o conceito do Antropoceno como parte integrante da nossa
realidade cultural. Sua análise de diversas exposições de arte sobre a crise climática
aponta para uma sólida tendência artística em direção a imagens do sublime apocalíptico.
Embora isso resulte em uma arte pungente, contradiz as motivações declaradas de
artistas e curadores que buscam conscientizar sobre o Antropoceno sem romantizá-lo
(Anderson, 2015).
Figura 1- Ice Watch, 2014. A instalação envolveu o derretimento de 12 blocos de gelo em uma praça
pública (Place du Panthéon, Paris) em 2015. Os artistas são Olafur Eliasson e Minik Rosing. Fotografia de
Martin Argyroglo; cortesia de neugerriemschneider, Berlim, e Tanya Bonakdar Gallery, Nova York/Los Angeles
(Eliasson e Rosing, 2015).
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Cientistas, jornalistas, artistas, críticos e curadores enquadram as mudanças
climáticas de maneiras específicas e tornam a questão significativa no discurso cotidiano
(O’Neill e Smith, 2014). Certos tipos de imagens climáticas parecem ter ganhado destaque
e maior status do que outros, promovendo formas particulares de compreensão das
mudanças climáticas e marginalizando outras alternativas. Por exemplo, a imagem do gelo
derretido (Figura 2) parece ter sido e continua sendo uma fonte de inspiração para muitas
ações e expedições artísticas.
Apesar da contemporaneidade do imaginário criopolítico (Radin e Kowai, 2017),
estamos testemunhando uma mudança gradual na iconografia midiática do aquecimento
global e das mudanças climáticas (Branco e Fagundes, 2020). A figura emblemática do
urso polar agonizando sobre um bloco de gelo está sendo substituída em capas de jornais
e reportagens televisivas por imagens de incêndios florestais e animais carbonizados ou
em fuga.
Figura 2 - Monumento Mínimo de Néle Azevedo (2018). Foto: Néle Azevedo,
Middlebury, Vermont, EUA. Cortesia da artista (Azevedo, 2005).
No entanto, como aponta Ferdinand (2022), tais imagens podem reificar um
imaginário fraturado entre questões ambientais e coloniais, direcionando a atenção para
a branquitude humana, seus animais carismáticos e nobres fitofisionomias para
monopolizar nossa empatia. Isso nos leva a apagar os mundos indígena e quilombola,
bem como outras formas de vida subestimadas que também são consumidas pelo fogo.
Nesse sentido, a produção artística e simbólica sobre a crise desempenha um papel
crucial no engajamento com as políticas culturais das mudanças climáticas. Além disso,
Walsh (2015) alerta que as formas usuais de visualização das mudanças climáticas
trabalham contra, e não a favor, de ações políticas eficazes, visto que suas escolhas
retóricas frequentemente privilegiam gráficos técnicos de difícil acesso e compreensão.
Em resposta, uma série de exposições e movimentos artísticos visa fazer mais do
que apenas disseminar dados, imersões e informações sobre a crise, denunciando
também os abusos e genocídios em curso na história colonial do planeta. Esses eventos
artísticos propõem uma oportunidade de reformular os limites entre o humano e o não
humano e incorporar ativamente novas habilidades, técnicas e paixões na articulação da
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governança ambiental (Davis e Turpin, 2015; Ritts e Bakker, 2019).
Davis e Turpin (2015) afirmam o Antropoceno como uma questão estética e, a partir
dessa perspectiva, organizam uma série de respostas à emergência climática, refletindo
sobre a necessidade de reforçar o senso de urgência política em cada ação artística
desenvolvida. Outro livro, organizado por Nunzia Borrelli e colegas (2022), intitulado
Ecomuseus e Mudanças Climáticas, discute os impactos das mudanças climáticas nas
artes e nas atividades museológicas (Corral e Fernández, 2022; Ramalho et al, 2022).
Em Sensing Earth: Cultural Quests Across a Heated Globe (Dietachmair et al, 2023),
artistas e iniciativas culturais revelam-se presos a um dilema, pois necessitam de
circulação cultural para permitir que as ideias se cruzem e criem conexões. Esses
mesmos sistemas de circulação também contribuem para o declínio ecológico do planeta.
Isso, por sua vez, destaca a precariedade econômica dos artistas, particularmente aqueles
do Sul Global e neles inseridos.
Figura 3 - Sem título (Catrimani), da série “A Floresta”, 1972-1974. Foto: Claudia Andujar.
Cortesia da Galeria Vermelho (Andujar, 2020).
Ao mesmo tempo, é importante ter em mente a importância de considerar a arte
em termos de alianças afetivas, que, segundo Krenak & Cesarino (2016), são trocas que
não pressupõem apenas interesses imediatos, mas se estendem para além do âmbito
das relações e ideias sociopolíticas. As alianças afetivas ampliam nossa compreensão da
vida, das relações e das possibilidades de estar no mundo a partir de múltiplas
perspectivas. Esse exercício crítico de alteridade diante da crise climática afeta não
apenas os humanos, mas também os demais seres que habitam o planeta (Guzzo, 2023).
Na mesma linha, destacamos o trabalho da fotógrafa Claudia Andujar, que teve uma
exposição significativa em 2020 na Fundação Cartier em Paris (Andujar, 2020) e,
posteriormente, no Instituto Moreira Salles em São Paulo, intitulada Claudia Andujar La
Lutte Yanomami. A exposição apresenta a imensa beleza de suas fotografias tiradas em
terras indígenas desde a década de 1970 e seu papel essencial como ativista de direitos
humanos em defesa dos Yanomami. Graças ao seu trabalho e luta ao lado dos Yanomami,
suas terras foram demarcadas, criando o maior território indígena do Brasil, no coração
da Amazônia (Mauad, 2014; Duarte, 2019; Moraes, 2014).
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Obras como a de Claudia Andujar (Figura 3) revelam povos que, de alguma forma,
vivem em um sistema diferente de relação com a natureza e conseguem protegê-la da
destruição ao longo do tempo. Nesse caso, a arte põe em xeque a suposição de uma
suposta incompatibilidade entre a habitação humana e a preservação dos ecossistemas
e ajuda a revelar que o sistema capitalista extrativista e colonial é o responsável pela crise.
Portanto, muitas formas de arte e ativismo se entrelaçam em relação à crise climática.
A compreensão das expressões artísticas indígenas contemporâneas como vozes
significativas a serem ouvidas diante dessa emergência também está crescendo. Artistas
como Jaider Esbell (http://www.jaideresbell.com.br/site/sobre-o-artista/), Daiara Tukano
(https://www.daiaratukano.com), Ailton Krenak (https://bibliotecaailtonkrenak.notion.site/Biblioteca-do-
Ailton-Krenak-BAK-cd46ab5c7c4448ffb3111f3c9ef833d9) e Denilson Baniwa
(https://www.premiopipa.com/denilson-baniwa/), entre muitos outros de várias partes do mundo,
estão misturando poesia e ativismo, criando obras impactantes sobre a necessidade de
preservação da natureza e sua conexão com o respeito à autonomia e soberania dos
povos indígenas. São obras que nos mostram como o capitalismo “enfeitiça” (Pignarre e
Stanger, 2011) corpos, narrativas e imaginações, convocando-nos assim a considerar o
desencantamento e o contra encantamento necessários para enfrentar o Antropoceno
(Dias, 2022).
Sentindo com a terra
Sentir a terra, ou com a Terra, ou sentir com o planeta, tem sido o tema e a prática
de muitos artistas contemporâneos. A recente exposição do cineasta, artista visual e
pesquisador de novas mídias Lucas Bambozzi, Solastalgia (2023), emprega o conceito
desse sentimento definido como “sofrimento mental e/ou existencial causado por
mudanças ambientais abruptas, não apenas devido a consequências naturais, mas
também devido a modelos extrativistas nocivos” (Bambozzi, 2023). Essa forma de sentir
orienta e título à exposição, composta por imagens que expõem uma lógica extrativista
que estilhaça modos de vida em nome de uma noção arcaica de progresso.
Muitos artistas transformam suas obras em protestos para expressar a indignação
coletiva com a destruição. Um exemplo disso é o trabalho de Cecylia Malik, que se tornou
uma ação viral na Polônia contra a destruição da Floresta Białowiez˙a (Mães Polonesas
em Tocos de Árvores; veja
https://www.cecyliamalik.pl/index.html/portfolio/PolishMothersOnTreeStumps). A área é
uma das últimas e maiores partes remanescentes da outrora imensa floresta da Europa
e serve como um laboratório natural para o estudo de espécies e clima.
Em São Paulo, a performance-protesto A Reviravolta de Gaia (Figura 4) tem sido
recorrente em manifestações de rua desde 2021. A obra de Rivane Neuenschwander
(https://www.inhotim.org.br/item-do-acervo/rivane-neuenschwander/) e Mariana Lacerda
(https://mapas.cultura.gov.br/agente/38305/) apresenta diversos animais segurando
cartazes de protesto e dançando, como em um desfile de carnaval. Essa obra destaca
como as lutas sociais se cruzam com as lutas ambientais e vice-versa. A primeira aparição
pública do projeto florestal dos artistas ocorreu em agosto de 2021, durante a votação de
uma legislação prejudicial às populações indígenas no Supremo Tribunal Federal. Entre os
eventos mais recentes, participou de um protesto em defesa do Estado Democrático e
do sistema eleitoral brasileiro na manhã de 2021.
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Figura 4 - A Reviralvolta de Gaia demonstration. Fotografia de Isadora Fonseca;
adaptada com autorização de Monaches, 2022.
Pessoas, tartarugas, jacarés, sapos, araras, garças, lagartas, preguiças e onças, entre
muitos outros animais e plantas da floresta, compareceram com cartazes e clamaram
por “direitos selvagens” (Monaches, 2022; Brenner, 2022).
Maja e Reuben Fowkes (2022) argumentam que, ao transformar nossas percepções
e sensações em relação à natureza, os artistas expõem os processos e as consequências
da monocultura, do extrativismo, dos combustíveis sintéticos e da energia nuclear. De
alguma forma, as obras, criações e narrativas participam da quebra do feitiço da promessa
de progresso tecnológico e crescimento econômico, revelando suas consequências
nefastas e denunciando o que Jason W. Moore (2016) chama de Capitaloceno.
As práticas artísticas neste artigo desvelam o capitalismo racial-colonial e sua
relação com a crise ecológica, explorando relações de restauração, reparação e cuidado.
Eles exploram epistemologias que emergem de práticas coletivas e comunitárias
baseadas em princípios de reconhecimento da existência e dos direitos de entidades
mais-que-humanas, outras-que-humanas ou além-humanas, como montanhas, rios e
árvores, que, dessa perspectiva, não são meramente recursos naturais ou geológicos, mas
seres que habitam a Terra (Federici, 2022; Acista, 2016). “Diante das distopias que virão, a
ação mais urgente é a imaginação, e daí a importância de discutir práticas artísticas que
possam fabular e inspirar caminhos possíveis” (Ticoulat, 2022, p.8).
Envolvimentos mais que humanos
A transdisciplinaridade é uma característica marcante de trabalhos artísticos que
buscam se envolver com a crise climática. Isso ocorre por meio de colaborações entre
artistas e iniciativas científicas e, inversamente, por meio da colaboração entre cientistas
e artistas, fornecendo dados, informações e imagens. Um exemplo é o catálogo Feral
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Atlas, com curadoria e edição de Tsing et al. (2021). Em uma experiência digital, com uma
interação entre mapas, seres e infraestruturas, a publicação explora mundos ecológicos
formados quando entidades que não são humanas se envolvem com projetos de
infraestrutura humana.
Daniel Fetzner e Martin Dornberg (2018) propõem um projeto aberto de pesquisa
artística cuja essência é a renegociação da gramática do espaço, das fronteiras e das
escalas dentro do que tem sido convencionalmente denominado globalização.
“DE\GLOBALIZE: Uma Pesquisa Artística Sobre Como Desglobalizar o Global” é uma
investigação etnográfica multimídia sobre as mudanças climáticas que parte de três
questões principais: (a) Como concebemos e respondemos à Terra em uma topologia
desglobalizada? (b) Como contemplamos malhas, alteridades, emaranhados e referências
relacionais no Antropoceno? (c) Como podemos narrar zonas críticas, mais intensamente
afetadas por rupturas climáticas, por meio de ecologias midiáticas? Sugerindo a
desglobalização do problema das mudanças climáticas, os artistas propõem experimentar
formas composicionais e simbiogênese, e as relações mutualísticas e parasitárias tornam-
se figuras vitais: “Derretidos e entrelaçados com o mundo, perdemos qualquer último
fundamento ou fundamento transcendental para explicar o mundo ou para orientar o
comportamento e a ciência monocausal ou sistematicamente” (Fretzner e Dornberg, 2018,
p.3).
Heather Davis e Etienne Turpin (2015), por sua vez, levantam a seguinte questão:
como as práticas estéticas podem abordar esferas sociais e políticas em processo de
cristalização? Esses autores reúnem uma infinidade de conversas interdisciplinares
relacionadas à arte e à estética que emergem em torno da tese do Antropoceno, reunindo
artistas, curadores, cientistas, teóricos e ativistas para abordar esse reposicionamento
geológico. Assim, eles sinalizam a necessidade de ação interdisciplinar na abordagem do
tema.
Detentores de conhecimento tradicionais, como ribeirinhos, quilombolas,
pescadores e agricultores, também estão envolvidos nesse movimento mais amplo.
Muitos indivíduos desses grupos interagem com a natureza em suas práticas cotidianas e
têm percepções de suas transformações enraizadas na prática. Um exemplo desse
entrelaçamento é a obra de arte "O Peixe", de Jonathas Andrade (Andrade, 2017).
Situada em um território híbrido entre documentário e ficção, a obra dialoga com a
tradição etnográfica audiovisual. Acompanha pescadores através da maré e dos
manguezais de Alagoas, Brasil, utilizando técnicas tradicionais de pesca, como redes e
arpões, aguardando o momento certo para capturar suas presas. Os pescadores realizam
uma espécie de ritual: embalam o peixe em seus braços até o momento da morte, uma
espécie de abraço entre predador e presa, vida e morte, trabalhador e fruto do trabalho,
no qual o olhar do pescador, do peixe, da câmera e do espectador desempenha um
papel crucial. A obra é angustiante, pois nos coloca ali, no momento inquietante da morte
e na certeza da nossa falta de controle sobre muitos aspectos da vida. O envolvimento
com os animais, especialmente a raposa, também é um ponto focal da obra de Rubiane
Maia, "Onde Todos Vêem" (2016). Ela se apresenta por duas horas em uma gaiola, enquanto
olha nos olhos de uma raposa taxidermizada. A objetificação do corpo da mulher negra e
do próprio animal coexistem dentro do sistema extrativista/capitalista, desumanizando,
também, a própria espécie humana por meio do racismo (Mbembe, 2018a, 2018b).
Ecologias emergentes
O termo ecologias emergentes (Kirksey, 2015; Rocheleau
et al
, 2001) permite-nos
considerar perspectivas alternativas sobre a crise climática, com foco nas relações
territoriais periféricas que vivenciam diversas formas de violência e populações
marginalizadas dentro de um arcabouço normativo hetero-cis-branco-neoliberal. Este
conceito, conforme apresentado por Ojeda et al. (2022), lança luz sobre “ecologias sempre
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em processo de devir, capazes de defender e subverter a opressão baseada em gênero,
raça, etnia, classe, sexualidade, casta, capacidade, espécie e outras formas de
discriminação e, portanto, capazes de proteger e defender a vida e os mundos vivos”
(Azevedo, 2021, p.149). A própria compreensão do fim do mundo como uma imagem
decisiva, uma condenação ou uma possibilidade de salvação e transcendência (Azevedo,
2021) é transformada por esses artistas e suas obras, visto que o mundo acabou muitas
vezes para aqueles que foram vítimas do ecocídio como as populações indígenas nas
Américas (Pereira, 2021).
Como K. Yusoff (2018) nos lembra apropriadamente: “Se o Antropoceno proclama
uma preocupação repentina em expor os danos ambientais às comunidades brancas
liberais, ele o faz na esteira de histórias em que esses danos foram conscientemente
exportados para comunidades negras e pardas sob a rubrica de civilização, progresso,
modernização e capitalismo” (Yusoff, 2018, p.11).
Nessa perspectiva, essas práticas artísticas criam a condição para a compreensão
de outras experiências necessárias na composição de diversos mundos vivos. Nesse
sentido, experiências decoloniais, afrodiaspóricas, indígenas, queer e feministas oferecem
diferentes maneiras de encarar a crise climática, não apenas de um ponto de vista teórico
não delimitado, mas também por meio de uma perspectiva artística, radical, localizada e
narrativa. Denise Ferreira da Silva (2019) nos convida a habitar/pensar espaços estéticos
de investigação sobre o que pode acabar com mundos onde a violência racial/colonial
continua a fazer sentido. O objetivo é acabar com um “Mundo Ordenado perante o qual a
descolonização, ou a restauração do valor total expropriado das terras nativas e dos
corpos escravizados, é tão improvável quanto incompreensível” (Ferreira da Silva, 2019,
p.37).
Outros trabalhos representativos são os de Ana Mendieta (Scott, 2019), Uýra (Ker,
2017), Jota Mombaça (2016), Davi de Jesus do Nascimento (Figura 5) e muitos outros
artistas que denunciam a violência infligida a seus corpos enquanto ritualizam uma
conexão íntima com a terra e os elementos da paisagem.
Da mesma forma, esses trabalhos não desconsideram os mecanismos de captura e
valorização que o sistema da arte pode empregar em detrimento dos corpos racializados.
Em 2020, Jota Mombaça (2020) questionou o que identifica como a plantação cognitiva,
integrada ao sistema de valoração e circulação da arte contemporânea decolonial. Para
ela,
[a] objetificação e a venda do corpo negro no contexto da economia de plantation
parecem ser uma força que se inscreve, de maneiras mais ou menos brutais, na
forma como, no contexto da sobrevivência da escravidão, a cultura negra e as
formas de produção simbólica são consumidas e apropriadas (Mombaça, 2020,
p.5).
A autora discute o paradoxo do movimento de descolonização na arte,
reconhecendo que ele se alinha com o sistêmico plano do capitalismo neoliberal que “não
é apenas formado pela expropriação completa do valor do trabalho negro (o fundamento
econômico da Plantation), mas também sustentado por um arsenal de dispositivos
epistêmicos, jurídicos e ontológicos de Racialidade (o fundamento ético da Plantation)”
(Mombaça, 2020, p.6).
O termo ecologia queer, segundo Sandilands (2016), refere-se a diversas abordagens
interdisciplinares que, de diversas maneiras, questionam as narrativas discursivas
heterossexistas e as estruturas institucionais que dominam a relação entre sexualidade,
natureza e Terra.
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Figura 5 - Exorcismo de Dor, de Davi de Jesus do Nascimento.
Adaptado com permissão de PIPA Prize, 2022.
Muitos artistas adotam essas abordagens para reinterpretar a dinâmica evolutiva, as
interações ecológicas e questões políticas relacionadas através das lentes da teoria queer
e ecofeminista. Essas práticas destacam a complexidade da biopolítica contemporânea,
estabelecem conexões essenciais entre as dimensões materiais e culturais das questões
ambientais e as políticas de gênero e insistem em “uma prática articulatória na qual o
sexo e a natureza são compreendidos à luz de múltiplas trajetórias de poder e matéria”
(Sandilands, 2016, p.169).
Em 2019, o festival EcoFutures (Cuntemporary, 2019) reuniu artistas, ativistas e
teóricos para criar uma plataforma experimental em torno de questões de emergência
climática a partir de uma perspectiva queer e descolonial. Outro projeto coletivo nesse
sentido é o
Queer Nature
, que se define como um projeto educacional baseado em
estudos naturalistas críticos que desenvolvem habilidades de sobrevivência por meio do
reconhecimento de histórias de terras coloniais e indígenas, facilitando a escuta e
construindo relações com os sistemas ecológicos e seus habitantes. O projeto, que
mescla conhecimento e práticas artísticas, é voltado para indivíduos que foram
marginalizados e até mesmo representados como não naturais (Cuntemporary, 2019).
Paul Preciado, uma das principais figuras da teoria queer, organizou um colóquio no
Museu de Arte Contemporânea de Barcelona intitulado Descolonizar el Museo
(Descolonizando o Museu) no final de 2014 (Preciado, 2014), reunindo artistas, ativistas e
pensadores.
Neste encontro, a relação entre o fim dos mundos, o colonialismo e a cumplicidade
das instituições artísticas estabelecidas foram tomados como objeto central de reflexão.
Na introdução ao evento, algumas questões críticas ressoaram:
Se o museu foi inventado como uma tecnologia colonial capaz de unificar a
narrativa histórica, como uma prótese de memória coletiva que busca escrever
o passado e prefigurar o futuro para legitimar a hegemonia, é possível pensar em
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um uso decolonial do museu? Como produzir conhecimento capaz de dar conta
da agência histórica de sujeitos subalternizados pela colonização? (Preciado,
2014).
O futuro é vegetal
Muitos artistas e filósofos também se inspiram na recente virada vegetal (Dias et al,
2022) para aproximar as plantas e são importantes de mencionar, pois influenciam e
fundamentam diretamente uma série de ações interdisciplinares relacionadas às artes,
incluindo a participação em residências artísticas, seminários, workshops e outras formas
de engajamento para refletir sobre a questão da crise climática. Entre eles estão Stefano
Mancuso (2019), Isabelle Stengers (2017), Tim Ingold (2013), Anna Tsing (2021), Natasha
Myers (2017) e Donna Haraway (2018a, 2018b). Seus trabalhos apontam para mundos
alternativos, interespecíficos outros que não os humanos como formas de
resistência ao Antropoceno, ao Plantationoceno e ao Antropoceno, Capitaloceno, trazendo
perspectivas que aludem à cosmopolítica nos mundos vegetal e animal.
A exposição
Nous les Arbres
(Albert
et al
, 2019-2020), realizada em 2019 e 2020 na
Fundação Cartier em Paris, teve como objetivo restaurar as árvores ao lugar de onde foram
removidas pelo antropocentrismo. O esforço artístico, que se transformou em um belo
catálogo de livros, reuniu artistas e cientistas que celebraram o mundo vegetal e nos
aproximaram de sua beleza e de seu papel essencial na viabilização da vida humana na
Terra.
Muitos outros projetos artísticos abordam a questão da alimentação, da agricultura
e da relação com a cidade no contexto da conscientização e educação sobre as questões
climáticas (ver http://cidadefloresta.com.br, https://ciudad-huerto.org,
https://www.haenke.cz, https://silo.org.br, https://jardinalidades.wixsite.com). Além disso,
muitos artistas abordam a relação vegetal; um exemplo é o brasileiro Jorge Menna
Barreto, que apresentou a obra Restauro (Barreto, 2016). A obra levanta questões sobre o
desenvolvimento dos hábitos alimentares e sua relação com o meio ambiente, a
paisagem, o clima e a vida na Terra. Na obra, somos levados a compreender tanto o nosso
sistema digestivo como uma ferramenta escultural por meio da qual os comensais se
tornam participantes de uma escultura ambiental contínua, quanto como o ato de se
alimentar regenera e molda a paisagem em que vivemos (Barreto, 2016).
Outro exemplo é a instalação Brain Forest Quipu, de Cecilia Vicuña
(http://www.ceciliavicuna.com), composta por escultura, som, música e vídeo. Esta obra
convida os visitantes a refletir sobre a destruição de nossas florestas, o impacto das
mudanças climáticas, a violência contra os povos indígenas e como podemos nos unir
para promover mudanças e iniciar processos de reparação. Como parte do projeto de
Vicuña, ela criou Quipu de Encontros: Rituais e Assembleias. Consiste em uma série de
eventos internacionais, ou nós de ação, que unem as pessoas na proteção poética e
política do nosso planeta. O primeiro evento ocorreu na Tate Modern em 14 de outubro
de 2022 (Vicuña, 2022-2023), incentivando os visitantes a se engajarem na prevenção da
catástrofe climática.
Plataformas e redes de participação
Burke e colaboradores (2018) concluíram que, embora haja um número crescente
de intervenções artísticas relacionadas às mudanças climáticas e uma importância
crescente enfatizada nessas ações, não uma aplicação sistemática de técnicas
interpretativas das ciências sociais para compreender se essas intervenções artísticas
podem ou não envolver efetivamente o público sobre o tema. Os autores analisam a
literatura nas áreas de psicologia social e artes participativas para demonstrar porque
intervenções artísticas participativas relacionadas às mudanças climáticas podem ser a
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chave para abordagens mais eficazes para envolver públicos diversos na mudança de
comportamento relacionada ao clima, apontando para a possibilidade de novas e
significativas agendas de pesquisa e ações políticas para o futuro.
Incerteza, contingência e experimentação características necessárias das
mudanças climáticas podem gerar formas emergentes de prática que exigem novas
abordagens nas artes, ciências e educação. A pesquisa de Cubillos Barragán (2020) em
uma comunidade de risco socioambiental na Colômbia afirma que o uso da linguagem
artística como mediadora em conflitos socioambientais relacionados às mudanças
climáticas exige ação daqueles que antes eram espectadores, promovendo uma maior
possibilidade de compreensão e transformação. É essencial destacar o papel dos jovens
diante da crise e como a arte e a educação podem fortalecer essa compreensão e
engajamento (Bentz e O’Brien, 2019). Segundo Jacobson et al. (2016), a integração do
conhecimento científico em práticas coletivas e educacionais pode promover uma
comunicação mais eficaz sobre a crise climática.
A convergência entre artes e ciências tornou-se essencial para o desenvolvimento de
novas metodologias transdisciplinares de pesquisa, criação e educação. Nesse sentido,
diversos projetos de co-aprendizagem e pesquisa colaborativa foram criados por
instituições de pesquisa científica em colaboração com instituições da área das artes,
explorando como a arte tem o potencial de conectar emoções, subjetividades e
engajamento em relação a questões críticas (Bentz, 2020; Leavy, 2015). Um exemplo é o
projeto Currículo do Antropoceno, resultante de uma parceria entre o Instituto Max Planck
e a HKW (Haus der Kulturen der Welt). Iniciado em 2013 como um projeto de co-
aprendizagem que reuniu pesquisadores de diversas áreas, incluindo artistas, seu objetivo
inicial era discutir que tipo de conhecimento precisamos produzir para viver nesta era e
quais mudanças são necessárias na forma como o conhecimento é compartilhado e
sensibilizado.
O projeto expandiu e gerou o Antropoceno Commons (https://www.anthropocene-
curriculum.org/anthropocene-commons), uma rede de pesquisadores, educadores,
ativistas, artistas e cientistas de todo o mundo que trabalham transdisciplinarmente no
Antropoceno, tornando-se uma plataforma que abrange inúmeras ações em diferentes
países, incluindo exposições e publicações em artes e ciências.
É importante notar que as colaborações entre artes e ciências existiam muito antes
das discussões sobre mudanças climáticas e o Antropoceno. No entanto, essa
convergência está crescendo e explorando maneiras pelas quais a transdisciplinaridade
pode contribuir para repensar a importância das respostas culturais e criativas às
mudanças ambientais (Gabrys e Yusoff, 2012).
Muitos projetos contemporâneos mesclam e integram essas práticas artísticas em
redes de formação, intercâmbio e residências artísticas, promovendo plataformas onde a
participação pode ocorrer tanto online quanto presencialmente. Nesse sentido, diversas
ações, pesquisas e plataformas surgiram nos últimos anos. Exemplos que merecem
destaque são Art Works for Change com a exposição De Mucho Unos, E Pluribus Unum
(https://www.worksforchange.org/de-muchos-uno-e-pluribus-unum/); Creative Carbon
Scotland; Ecoartspace (https://ecoartspace.org); Territórios Sensíveis
(www.territoriossensiveis.com); SILO Arte e Latitude Rural (https://silo.org.br); Terra
Batida (https://terrabatida.org); Ensayos (https://ensayostierradelfuego.net); entreríos
(https://entre-rios.net); Take me to the River (https://takemetotheriver.net); Traços de
Nitrato (https://www.tracesofnitrate.org/About); Hidroscopia/Mapocho
(https://www.claudiagonzalez.cl/projects/hidroscopia-mapocho/);11 The Land
(https://www.thelandfoundation.org); e Selvagem (https://selvagemciclo.com.br) entre
muitos outros.
Redes e plataformas artísticas que conectam arte, ecologia e questões emergentes
11 Neste caso, os processos artísticos são concebidos e fundamentados na composição de regimes de visibilidade e
percepção do comum.
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da crise climática frequentemente se enraízam em conceitos de cuidado,12 de bens
comuns e reparação. Os bens comuns são tomados de uma forma que se estende para
além da organização de recursos, protocolos e comunidades (Ostrom, 1990; Bollier, 2016),
para um estabelecimento mútuo (Lapoujade, 2017; Moraes e Parra, 2020) que implica
prontidão para encontros, um “corpo poroso” (Ribeiro, 2023) permeável, capaz de sentir,
ouvir e incorporar (tornar corpo) micromovimentos, microssonoridades, sensações táteis
e temporalidades. Abrange também macromovimentos e a amplitude do sistema em que
estão inseridos, produzindo alegria em se mover e se perceber como parte de uma
comunalidade (Rolnik, 2018).
Essa comunalidade pressupõe práticas colaborativas e de coexistência na construção
de laços de apoio guiados por valores democráticos, comunitários e de poder
compartilhado incluindo o poder do artista. Ou, como sugere Cohen-Cruz (2020), diante
do contexto atual de exigentes desafios sociopolíticos, precisamos considerar como os
artistas e suas proposições podem revelar as nuances que temos em comum, buscando
mais pessoas para gerar ideias sobre como manifestar as mais diversas experiências do
mundo, como observado nas ações e projetos das plataformas citadas.
No entanto, em muitos projetos, a noção de comum emerge por meio de um diagrama
de conflitos, desigualdades e embates socioterritoriais que revelam as relações de poder
intrínsecas ao que pode ser abstratamente denominado colapso climático. Muitos artistas
da América Latina, por exemplo, têm abordado a questão da extração mineral, seus
vestígios de violência e contaminação, e a crescente devastação contra territórios e
comunidades, como visto na obra Flujos Minerales, de Alejandro Gómez Arias (Yaniz, 2023);
nas produções dos artistas peruanos Edi Hirose e Nancy La Rosa (2016); e na obra de
Ignacio Acosta, onde se desenvolve a ideia de arqueologia do sacrifício
(http://ignacioacosta.com/archaeolgy-of-sacrifice). O trabalho de Paula Serafini (2022)
oferece um panorama de obras de arte e empreendimentos artísticos na Argentina e em
outras partes da América Latina que têm respondido ao avanço do extrativismo na região.
Para o autor, tais obras apresentam imagens de um conflito de mundos entre diversos
modos de vida e sistemas ontológicos.
Marisol de la Cadena, examinando conflitos socioterritoriais em contextos latino-
americanos, chama a atenção para o fato de que
aqueles que se opõem à transformação da natureza universal em recursos [são
percebidos como] opositores à possibilidade do bem comum como missão do
Estado-nação e, portanto, são inimigos do Estado, merecendo, no mínimo, a
prisão (De La Cadena, 2018, p.105).
Tais conflitos tornam visível o que a antropóloga chama de “uma guerra contra
aqueles que se opõem à tradução da natureza em recursos” (De la Caldena, 2018, p.107).
Isso também origem à crítica emergente da noção de comum, que em alguns
contextos pode implicar um mundo (um rio, uma floresta, uma montanha, um território
inteiro) como um território compartilhado já dado como certo, frequentemente traduzido
como recursos naturais disponíveis para apropriação e administração por governos
nacionais (Moraes, 2021). Nesses casos, “o comum emerge ao custo de subordinar um
conjunto de práticas por meio de uma ação que visa ‘assemelhar-se’ isto é, uma
equivalência é proclamada (e aceita) onde, na verdade, uma divergência realmente opera”
(Blaser e De La Caldena, 2017, p.190). Práticas artísticas que abordam esses assuntos são,
entre muitos outros, 3Ecologies (https://3ecologies.org), The Center for Land Use
Interpretation (https://clui.org), TAP (Temporary Art Platform) (https://togetherwetap.art),
The Plant Studies Collaboratory (https://plantstudies.wordpress.com), LAB VERDE
(https://www.labverde.com) e Cidade Floresta (http://cidadefloresta.com.br). Essas
12 O conceito de relações de cuidado, inspirado na forma como o pensamento indígena nas Américas considera o meio
ambiente, também foi o tema da edição de 2023 da feira Artissima, realizada anualmente em Turim.
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práticas conseguiram, de alguma forma, dar tato a curvas e interrogações antes invisíveis
e indizíveis associadas à crise climática, criando novas visibilidades e linguagens. Como
observa Mauro Barbosa de Almeida: “a existência e a não existência dos seres é um campo
de luta e poder, e não apenas uma questão de epistemologia ou modos de saber” (Barbosa
de Almeida, 2013, p.24). Nesse sentido, as práticas artísticas podem deslocar a questão de
“como ver melhor?” para “o que há para ver?” (Biset, 2020, p.339).
Conclusões
Como evidenciado ao longo deste artigo, as produções artísticas contemporâneas
oferecem múltiplas respostas aos desafios trazidos pelo Antropoceno. No entanto,
nenhuma dessas respostas busca um fechamento conceitual ou uma resolução
puramente epistemológica para as questões em questão. Em vez disso, sugerem que as
respostas emergem por meio da multiplicação de relações que fomentam e promovem
a vida em toda a sua diversidade biodiversidade, diversidade de ideias, diversidade de
mundos. A compreensão de que uma resposta não é necessariamente um fechamento
ou um ato de redução da complexidade ou disciplinamento de relações, como
frequentemente apresentado na política e na ciência, implica que este artigo não pode
concluir nada além de um sinal em direção à multiplicação e à abertura.
As práticas artísticas nos ajudam a nos envolver e a abordar questões ambientais,
que nunca estiveram separadas de nós, exceto pela ilusão moderna de uma divisão entre
culturas e natureza. Como Félix Guattari apontou em 1989 em As Três Ecologias (Guattari,
2011), os âmbitos social, ambiental e mental, quando unidos, constituem um território
existencial, uma visão ético-estética da totalidade, possibilitando transformações efetivas
dos comportamentos capitalistas que subjazem à condição contemporânea.
Projetos artísticos demonstram a miríade de caminhos possíveis de abordagem,
engajamento e sensibilização. A criação e a exploração contínuas, de diversas maneiras e
em redes, promovem a compreensão de questões compartilhadas. Alianças afetivas
expandem nossas formas de compreender e perceber a vida, os relacionamentos e as
possibilidades de existência no mundo a partir de múltiplas perspectivas. Essa experiência
ampliou alianças afetivas entre indivíduos distantes não apenas territorialmente, mas
também simbólica e culturalmente, potencializando a expansão de realidades e ações
artísticas. Trata-se de um exercício significativo de alteridade diante da crise climática,
que afeta não apenas os humanos, mas também os demais seres que habitam o planeta.
Todos nós carecemos de refúgio diante da emergência climática, embora saibamos
que países mais desenvolvidos terão melhores condições de enfrentamento. Além de
ampliar as possibilidades de ações artísticas e abordagens inventivas em tempos tão
obscuros, possibilidades de conexão entre arte e vida foram destacadas e estabelecidas
por meio do compartilhamento particularmente o compartilhamento sensível de
imaginários e trocas (Guzzo, 2022).
As práticas artísticas e criativas nos oferecem espaços de afeto, esperança e beleza.
Esses refúgios são físicos, concretos, estruturais, simbólicos, virtuais e imaginários. Nego
Bispo (Antônio Santos, 2018) argumenta que quilombos13 foram e continuam a ser
perseguidos não por causa de aspectos raciais, mas principalmente porque oferecem um
modo de vida alternativo. É por isso continua este proclamador dos saberes e práticas
quilombolas que a postura contracolonial é um "modo de vida orgânico" distinto da
maquinação sintética do trabalho (humano e não humano) que sustentou o
13 Originalmente, o termo quilombo derivava da língua bantu e se referia a territórios estabelecidos por africanos que
escaparam de plantações e outras relações opressivas durante o período da escravidão. Nas décadas de 1970 e 1980, o
movimento negro brasileiro se apropriou do termo como forma de resistência e organização em lutas antirracistas. Ao
lado dos palenques na Colômbia e dos marrons no Caribe, os quilombos também abrangem grupos contemporâneos que
se identificam como povos tradicionais no Brasil, gozando de direitos culturais e territoriais específicos. Atualmente, o ato
de organizar quilombos (aquilombar) inspira artistas e filósofos a imaginar refúgios de biodiversidade e sociodiversidade
contra o Plantationoceno. Ver mais em Fagundes, 2022.
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Plantationoceno. Um papel importante da arte em tempos de crise é, portanto, criar
espaços semelhantes aos dos quilombos.
Rancière (2005) afirma que uma batalha antes centrada nas promessas de
emancipação da história agora é travada no âmbito estético. Com os conflitos e
desacordos do Antropoceno, a experiência estética torna-se um espaço privilegiado para
desafiar nossa postura em disputas políticas. Arte e política compartilham um ponto em
comum: as posições e os movimentos dos corpos, as funções das palavras e as divisões
entre o visível e o invisível (Rancière, 2005). Ao semear mundos por meio de ações
poéticas, a experiência estética gera, de alguma forma, uma experimentação de igualdade
e liberdade ou uma experiência de refúgio diante da crise.
Se a crise climática desencadeada no Antropoceno é uma crise política e estética
compartilhada, então a arte, inseparável da vida e, portanto, da natureza, desempenha um
papel crucial no cuidado e na potência de imaginar outros mundos possíveis. A experiência
poética possibilita a apreensão do mundo como uma totalidade viva, com a experiência
da comunidade, do comum, abrangendo tudo o que nos atravessa e nos constitui: plantas,
minerais, águas, ar e outros indivíduos. Para além de meros objetos, a arte pode proclamar
o que ainda não é e o que pode ser.
Declaração de divulgação
Os autores não têm conhecimento de quaisquer afiliações, associações,
financiamentos ou participações financeiras que possam ser percebidas como afetando
a objetividade desta revisão.
Agradecimentos
Os autores agradecem ao Dr. Gilberto Jannuzzi. Os pesquisadores foram financiados,
em diferentes momentos, pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(FAPESP, processos 2014/50848-9 e 2022/05981-9), pelo Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq, processos 201223/2024-4, 465501/2014-
1 e 315824/2023-9) pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES, processo 88887.136402-00) e pela Fundação Carlos Chagas Filho de amparo a
pesquisa no Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ, processoE-26/204.051/2024).
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Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas PPGAC
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