Determinantes da gestão de custos nas Micro e
Pequenas Empresas
Wênyka Preston Leite Batista Costa
Doutora em Administração pela UnP.
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, UERN, Brasil.
wenykapreston@hotmail.com
http://lattes.cnpq.br/2649361411301634
https://orcid.org/0000-0002-6494-1454
Ozeana Celestino de Lima
Graduada em Ciências Contábeis pela UERN.
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, UERN, Brasil.
ozeanalima@alu.uern.br
http://lattes.cnpq.br/9202269016372023
https://orcid.org/0000-0001-7806-3878
Sérgio Luiz Pedrosa Silva
Doutor em Geografia pela UFPE.
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, UERN, Brasil.
sergiopedrosa@uern.br
http://lattes.cnpq.br/2418214561932598
https://orcid.org/0000-0002-6490-3132
Jandeson Dantas Silva
Doutor em Administração pela UnP.
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, UERN, Brasil.
jandesondantas@uern.br
http://lattes.cnpq.br/9190312918421422
https://orcid.org/0000-0003-2189-5053
Disponibilidade: https://doi.org/10.5965/2764747111212022038
Data de Submissão: 06 de maio de 2022.
Data de Aprovação: 30 de agosto de 2022.
Edição: v. 11, n. 21, p. 038-059, dez. 2022
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Determinantes da gestão de custos nas Micro e Pequenas Empresas
Resumo
Objetivo(s): O objetivo desta pesquisa foi evidenciar os determinantes da gestão de custos nas
micro e pequenas empresas (MPE) na cidade de Mossoró (RN). Método: As MPE são
instituições imprescindíveis para a economia brasileira por sua representatividade em número
de empresas e pela geração de emprego e renda. Para atingir o objetivo proposto, foi realizada
uma pesquisa com abordagem quantitativa, com aplicação de um questionário aos gestores das
MPE. Resultados: Os resultados evidenciaram que a gestão de custos oferece subsídios que
auxiliam na tomada de decisão, sendo o controle e a avaliação de estoque, assim como o
incremento da competitividade, os determinantes para a gestão de custos. Verificou-se que os
participantes consideram relevantes as informações de controle de custos para o planejamento
e a análise de desempenho da empresa. Constatou-se ainda que o nível de utilização da gestão
de custos nesta pesquisa sobrepujou a média do Sebrae, que aponta que 60% das empresas não
adotam tal medida, enquanto nesta pesquisa apenas 30% declararam não adotar o controle de
custos. Contribuições: A pesquisa tem como contribuição mostrar a relevância dos fatores
determinantes para as MPE realizarem uma gestão de custos eficaz, apontando um rol de
práticas utilizadas nas empresas pesquisadas que pode servir de orientação para outras
empresas em suas decisões. Tais resultados foram convergentes em alguns aspectos e
divergentes em outros com relação a estudos empíricos pesquisados na literatura.
Palavras-chave: Micro e Pequenas Empresas. Gestão de Custos. Determinantes.
Determinants of cost management in Micro and Small Enterprises
Abstract
Objective: The objective of this research was to highlight the determinants of cost management
in micro and small enterprises (MSE) in the city of Mossoró, state of Rio Grande do Norte,
Brazil. Method: MSE are essential institutions for the Brazilian economy due to their
representativeness in number of companies and for the generation of employment and income.
To achieve the objective proposed in this study, a survey was carried out with a quantitative
approach, by applying a questionnaire to managers of MSE. Results: We verified that cost
management offers subsidies that assist in the managers’ decision-making, being inventory
control and valuation, as well as increase in competitiveness, the determinants of cost
management. The participants consider cost control information relevant for the planning and
performance analysis of the company. Moreover, we found that the level of use of cost
management in this research exceeded the average of Sebrae, which points out that 60% of
companies do not use cost control, whereas in this research only 30% reported not to use it.
Contributions: The research contributes to show the relevance of determinants for the MSE
to carry out an effective cost management, indicating a list of practices adopted in the surveyed
companies, which can serve as a guide for other companies to use in their decisions. Our results
were convergent in some aspects and divergent in others with regard to empirical studies
researched in the literature.
Determinantes de la gestión de costos en las Micro y Pequeñas Empresas
Resumen
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Objetivo(s): El objetivo de esta investigación fue resaltar los determinantes de la gestión de
costos en las micro y pequeñas empresas (MYPE) de la ciudad de Mossoró (RN). Método: Las
MPE son instituciones esenciales para la economía brasileña por su representatividad en el
número de empresas y en la generación de empleo y renta. Para alcanzar el objetivo propuesto
se realizó una investigación con enfoque cuantitativo, con la aplicación de un cuestionario a
los directivos de las MYPE. Resultados: Los resultados mostraron que la gestión de costos
ofrece subsidios que auxilian en la toma de decisiones, con el control y evaluación de
inventarios, así como el aumento de la competitividad, determinantes para la gestión de costos.
Se constató que los participantes consideran relevante la información de control de costos para
planificar y analizar el desempeño de la empresa. También se constató que el nivel de uso de
la gestión de costos en esta investigación superó la media del Sebrae, que apunta que el 60%
de las empresas no adoptan tal medida, mientras que en esta investigación solo el 30% declaró
no adoptar el control de costos. Aportes: La investigación tiene el aporte de mostrar la
relevancia de los determinantes para que las MPE realicen una gestión de costos efectiva,
señalando un listado de prácticas utilizadas en las empresas encuestadas que pueden servir de
guía a otras empresas en sus decisiones. Tales resultados fueron convergentes en algunos
aspectos y divergentes en otros en relación a los estudios empíricos investigados en la literatura.
Palabras clave: Micro y Pequeñas Empresas. Gestión de Costes. Determinantes.
Introdução
As micro e pequenas empresas (MPE) apresentam relevância e celeridade para a
economia em nosso cenário atual. De acordo com Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas (Sebrae, 2022), o crescimento do empreendedorismo nas MPE vem
ganhando destaque na economia, chegando a 14 milhões de empresas no Brasil. De acordo
com o Sebrae, as MPE alavancaram o surgimento de empregos formalizados no Brasil no
primeiro semestre de 2022: dos 1,33 milhão de postos criados, 72% foram provenientes de
pequenos negócios, com 961 mil vagas de trabalho de janeiro a junho, em levantamento
baseado no Cadastro Nacional de Empregados e Desempregados (Caged). Destaca-se,
portanto, a predominância na geração de emprego e renda dos pequenos negócios sobre as
médias e grandes empresas (Maximo, 2022; Oliveira et al., 2022).
Esse nicho de empresas é uma das principais fontes de geração de renda, principalmente
em regiões em que o desenvolvimento é escasso. Para a melhoria dos pequenos negócios e
resolução dos problemas e efeitos da economia, o governo brasileiro providenciou medidas que
favoreceram as microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP). Entrou em vigor em
2006 a Lei Complementar nº 123/2006 (Brasil, 2006), que determina como facultativo o
Simples Nacional, regime fiscal que simplifica e engloba os tributos estaduais e municipais em
uma única guia, que desde então se mostrou como um estímulo para a geração de novos
empregos.
Segundo Grof (2017), existem agentes direcionados a ajudar as MPE. Alguns órgãos
brasileiros são circunspectos pela construção e instrução de empresas, como o Sebrae, que
surgiu em 1972 e foi a primeira instituição destinada a instruir pessoas com desígnio de
empreender, fornecendo o serviço de promover a prática sem interrupções de ações e de
renovação nas EPP por meio de orientações dinâmicas, gratuitas, eficientes e personalizadas.
Embora as MPE sejam instituições que movimentam e agregam recursos para
economia, a taxa de mortalidade dessas empresas no decorrer dos anos é expressiva. No período
de 2021 a 2022, constatou-se que pelo menos 29% das MPE encerraram suas atividades após
41
cinco anos de funcionamento (Sebrae, 2022). Segundo Santos e Chiaretto (2019), a mortalidade
de empresas iniciantes é elevada devido a riscos inerentes ao negócio que não são observados
pelos microempreendedores. As estatísticas do Sebrae (2022) corroboram que cerca de 60%
das MPE não possuem nenhum tipo de controle de custos.
Entretanto, os custos são fundamentais no cotidiano de indivíduos que integram
organizações e buscam fazer seus relatórios com base nos gastos esperados e benéficos futuros.
A apuração dos custos de uma entidade sinaliza boa administração, portanto, proporciona uma
visão detalhada a respeito das operações, consequentemente, a tomada de decisões se mostrará
mais rápida e objetiva, levando a resultados positivos e esclarecedores. Conquanto, os custos
precisam de algo mais específico e detalhado, fazendo assim que enfrentem dificuldades nos
cálculos por não dominarem a técnica (Fernandes et al., 2021).
Saldanha e Brambilla (2020) destacam que a gestão de custos é vital no processo de
tomada de decisão, pois é através das informações que fornece aos gestores que eles embasam
suas decisões, como quanto, quando e em qual área investir ou sobre o valor que deve ser
aplicado aos produtos e serviços. Além do conhecimento e controle dos custos de fabricação
do produto/serviço, é primordial identificar quais as possibilidades para melhorar os processos.
Esses procedimentos devem resultar em uma análise para identificar e eliminar os desperdícios
que reduzem o lucro.
No contexto descrito pelo Sebrae, que evidencia uma alta taxa (29%) de mortalidade
das empresas e em que 60% das MPE não possuem controle de custos para suas decisões,
busca-se analisar os determinantes da gestão de custos dos pequenos negócios na cidade de
Mossoró (RN) para verificar qual o grau de conhecimento e uso dessas práticas nas decisões
diárias das empresas.
Quanto à identificação de fatores determinantes da gestão de custos, evidenciam-se nas
pesquisas de Silva Rebouças et al. (2018) o controle e análise de custos, a identificação dos
custos variáveis, o planejamento de custos, a utilização do custeio por absorção e o
acompanhamento de custos, e se destacou o fator de calcular o custo unitário do produto como
o mais apontado entre os gestores. Por sua vez, Costa et al. (2018) apontaram como fatores
determinantes o cálculo da margem de contribuição, análise do preço de venda, registro de
custos, avaliação e precificação estratégica, análise financeira de estoques, detalhamento das
informações de custos em relatórios específicos, monitoramento da competitividade, controle
do fluxo de caixa.
Em busca desses fatores, Rocha et al. (2019) elencaram a organização do preço de
venda, a margem de contribuição e o ponto de equilíbrio na análise gerencial do negócio. Zanin
et al. (2019) destacaram o custeio variável como o método mais utilizado, e as especificidades
das empresas, como faturamento, ramo de atividade e forma de tributação, como fatores
determinantes na gestão de custos.
Nessa perspectiva, esta pesquisa se propõe a identificar os determinantes da gestão de
custos nas MPE. A análise foi realizada com base nas informações que essas instituições podem
gerar para, a partir disso, verificar as decisões que a análise de custos pode promover. Diante
da atual conjuntura, tem-se a seguinte questão de pesquisa: quais os determinantes da gestão
de custos nas micro e pequenas empresas? Sendo assim, a pesquisa possui como objetivo geral
evidenciar os determinantes da gestão de custos nas MPE na cidade de Mossoró (RN).
A proposta da pesquisa é relevante mediante o envolvimento de gestores das MPE para
que se possa analisar sua contribuição e a discussão no desenvolvimento da temática nas
empresas pesquisadas. Para isso, o estudo se pauta pelos relatos de Scheren et al. (2019), que
asseveram que o conhecimento do custo é vital para analisar se o produto/serviço é rentável ou
não e se é possível reduzi-lo; logo, é oportuno verificar se os gestores têm a percepção dessa
contribuição, pois pequenos negócios enfrentam obstáculos para sobreviver no mercado.
42
Assim, a gestão de custos torna-se ferramenta essencial para superar as dificuldades do
mercado, principalmente para os pequenos negócios, que participam significativamente da
economia nacional.
Este estudo demonstra que a gestão de custos pode ser uma ferramenta para a melhoria
dos resultados de uma empresa, auxiliando a gestão a tomar as decisões embasadas nos dados
fornecidos pela ferramenta.
A metodologia adotada para a pesquisa é o estudo de caso, de cunho descritivo e
quantitativo, desenvolvido com base em fontes primárias, mediante questionário adaptado com
21 questões, apresentadas a gestores de MPE da cidade de Mossoró (RN).
A pesquisa divide-se em cinco seções. A introdução do estudo apresenta a problemática
a ser investigada. A segunda parte retrata o referencial teórico. A terceira seção apresenta a
descrição da estrutura metodológica do estudo. Na quarta seção o explanados os resultados
e objetivos alcançados, e, por último, apresentam-se as considerações finais e as referências
utilizadas.
Revisão de literatura
Após a introdução do tema proposto, busca-se no referencial teórico estabelecer um
arcabouço de conteúdos relacionados ao tema para subsidiar as análises realizadas nesta
pesquisa. Assim, apresentam-se a seguir as definições gerais sobre as MPE.
Micro e Pequenas Empresas
Segundo a Lei Complementar 123/2006, que institui o Estatuto Nacional da
Microempresa e da Empresa de pequeno Porte, a classificação de MPE se estabelece conforme
o faturamento anual da empresa. Conforme o Sebrae (2022), através dessa lei foi instituído o
regime tributário específico para pequenos negócios, com redução de carga tributária e redução
de impostos simplificados dos processos de cálculos e recolhimento, o Simples Nacional
(Brasil, 2006).
A Lei Complementar nº 123/2006 prevê como facultativo o regime do Simples
Nacional para essas empresas e tem como objetivo estimular as MPE ao crescimento
econômico no país (Brasil, 2006). O Simples Nacional tem como objetivo facilitar o
recolhimento de contribuições tributárias. Para Amaral et al. (2021), o Simples é um
instrumento de política econômico-tributária que foi determinado constitucionalmente, visando
ajudar as MPE por meio de um regime de arrecadação unificada de tributos.
Já para Queiroz et al. (2021) o regime tributário é uma das principais decisões a serem
tomadas por uma empresa, caracterizando-se por ser um conjunto de leis que guia e indica as
informações em relação aos tributos que devem ser pagos. Nessa ótica, para Veloso et al.
(2021), as MPE são provenientes de pessoas com perfil de autonomia financeira, tituladas como
empreendedores, com impacto socioeconômico no país que atuam, proporcionando benefícios
sociais, tecnológicos, econômicos na medida do desdobramento de suas atividades.
Em vista do desempenho dos empreendedores, segundo o Sebrae (2022), os pequenos
negócios correspondem a um terço do Produto Interno Bruto (PIB), e só no Brasil há cerca de
6,4 milhões de MPE, gerando R$ 420 bilhões de bens e serviços, empregando em torno de 52%
da mão de obra formal. Essas empresas são um dos principais meios de crescimento da
economia brasileira, haja vista sua capacidade de gerar empregos. Segundo Aragão et al.
(2021), as empresas promovem inovação, e empreender é a ação que contempla os recursos
com a nova capacidade de criar riqueza. Dessa forma, constata-se a pujança das MPE na
economia nacional, denotando a importância de buscar solucionar problemas de gestão
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relacionados a esses negócios, o que significa trabalhar pelo crescimento do país. Assim, esta
pesquisa busca entender melhor a gestão de custos dessas empresas.
Gestão de Custos
As organizações de pequeno e grande porte priorizam o controle interno de custos,
sejam eles de produção ou transacionais, pois isso otimiza os resultados organizacionais.
Portanto, logicamente, os sistemas e meios para se realizar esse processo deve observar a
relação custo-benefício (Braga et al., 2020, Santos, 2021).
O custo é a soma dos gastos decorrentes da elaboração de um produto ou prestação de
um serviço. O custo do produto é composto pela matéria-prima direta e indireta usada na
produção e as despesas para o funcionamento da empresa. Porém, não basta apenas saber o
custo total do produto como ferramenta de gestão. Algo relevante é o conhecimento dos custos
diretos e indiretos, pois classificar os custos entre diretos e indiretos está relacionado ao produto
feito ou serviço prestado, e não à produção no sentido geral (Braga et al., 2020).
Conforme a discussão sobre os métodos de custeio, constata-se que o gargalo dessa
sistemática são os custos indiretos, pois os diretos são de fácil alocação ao produto/serviço. A
gestão de custos é um processo eficiente direcionado pela eficácia das atividades de
planejamento, execução e controle, pois as empresas buscam a redução de custos e o aumento
de sua produtividade. É uma ferramenta útil que auxilia a gestão no controle e apuração dos
resultados (Oliveira et al., 2021; Wamser et al., 2019).
A gestão de custos nas atividades das pequenas empresas é uma ferramenta relevante,
apesar de ser pouco operacionalizada. Com ela é possível definir preço de venda, controlar
estoques, analisar resultados da produção, volume de vendas, margem de lucro, custos de
produção, custos fixos, custo de mão de obra, e ainda analisar as áreas que apresentam maiores
gastos ou maiores retornos, entre outros fatores (Oliveira et al., 2022; Zanin et al., 2019). A
seguir, são descritos os métodos de custeio relacionados às MPE.
Métodos de Custeio
Na literatura destacam-se os métodos de custeio, cuja implantação vem sendo
fortalecida pela relação de desenvolvimento tecnológico. À medida que o mundo dos negócios
se desenvolve, as atividades empresariais acompanham essas mudanças, em que o
gerenciamento dos custos que antes era tido como um gasto passa a responder às necessidades
das empresas como elemento fundamental para saber detalhadamente os gastos, qual será a
margem de faturamento e outras tendências de mercado, sendo assuntos quase que diários nas
searas empresariais, conforme Paula et al. (2019).
Braga et al. (2020) esclarecem que a utilização correta dos métodos, ou seja, sua adoção
em concordância com os objetivos da entidade, pode e deve trazer retornos não só financeiros,
mas gerenciais. Como foi apresentado, há métodos diferentes de custeio que podem ser usados
nas áreas as mais diversas, tanto na industrial, comercial ou de serviços, com ou sem fins
lucrativos. Eles são determinantes para a geração de conhecimento para a tomada de decisões.
Não existe um método que atenda a todas as necessidades dos gestores, pois diante do difícil
processo de conduzir as organizações, independentemente do método de custeio, isso não
substitui as pessoas que analisam (Braga et al., 2020; Santos, 2021).
Para Veloso et al. (2021), os principais métodos de custeio são por absorção e variável.
Evidencia-se a existência de outros tipos, por exemplo, o custeio pleno e o activity based
costing (ABC), custeio por atividade. Nesta pesquisa, os métodos por absorção e variável serão
prioritariamente descritos por serem as ferramentas mais utilizadas pelas MPE, pois o custeio
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por atividade, apesar de promover a melhoria da alocação dos custos fixos, aplica-se a empresas
com elevado parque tecnológico.
Como ferramenta destacadamente utilizada pelas MPE, o custeio por absorção, segundo
Vieira et al. (2019) consiste na identificação de todos os custos envolvidos para a produção de
bens ou serviços prestados, sejam eles fixos ou variáveis. Assim, possibilita que os custos de
produção, como mão de obra e matéria-prima, e custos indiretos, como manutenção, sejam
rateados no custo do produto conforme os critérios estabelecidos pela empresa (Oliveira et al.,
2022). A vantagem do custeio por absorção é que ele acompanha os princípios fundamentais
de contabilidade e as leis tributárias. Sua implantação é menos onerosa, devido a não existir
necessidade da separação dos custos fixos e variáveis. Outra vantagem são as informações
precisas para o planejamento a longo prazo e a demonstração de resultados para uso externo,
conforme explicam Veloso et al. (2021). A desvantagem do método por absorção está na
construção do valor do produto sem precisar a margem de contribuição, que é a discordância
entre o preço de venda e o custo do produto, gerando um valor que prejudica a competitividade
com seus concorrentes (Araújo et al., 2021).
No custeio variável são considerados somente os custos variáveis, aqueles relacionados
diretamente ao produto, os custos fixos são lançados como despesa na apuração do resultado
do exercício. Esse entendimento é proveniente da seguinte lógica: os custos fixos diminuem
conforme aumenta o volume de produção, dessa forma, não devem compor o custo da unidade
produtiva. As análises, portanto, se detêm ao controle dos custos variáveis (Braga et al., 2020;
Santos, 2021).
Nessa ótica, Veloso et al. (2021) informam que um dos benefícios do custeio variável
é que o custo do produto não sofre interferência de custos que não estejam diretamente ligados
ao produto. O lucro obtido não sofre com a mudança do estoque, e o planejamento desse lucro
integra as tomadas de decisões. Outros benefícios são a apresentação célere do marco de
contribuição de cada produto, definido pela diferença entre o preço de venda e o custo do
produto, e a construção do conhecimento da gestão quando for necessário saber quais são os
produtos rentáveis.
Entre as desvantagens do custeio variável, Veloso et al. (2021) apontam a prática de
deixar os custos fixos de fora, o que pode passar por uma autoavaliação para alterar o resultado
em determinado período. Inclusive, pode haver obstáculos na avaliação dos custos, pois
existem custos semivariáveis e semifixos. De maneira geral, o custo variável é usufruído para
a tomada de decisões a curto prazo, o que pode prejudicar a continuidade da empresa a longo
prazo. Destaca-se que os métodos aqui abordados são os mais recorrentes nas MPE. A seguir,
serão descritas descrever as práticas de gestão de custo utilizadas por essas organizações.
Práticas de Gestão de Custos
A propagação das tecnologias da informação e comunicação (TIC) proporcionou a
conexão entre as economias e, em consequência, transformou as práticas utilizadas pelas
empresas, impulsionando ainda mais a competitividade em todos os ramos de negócio. As
mídias digitais levaram todos a viver em um mundo sem fronteiras, no qual o conhecimento
sobre as práticas de gestão de custos é disseminado rapidamente no afã de sobreviver no mundo
dos negócios, na busca pela otimização dos recursos para ser competitivo, objetivando manter
e conquistar novos clientes (Aragão et al., 2021; Paula et al., 2019).
Nesse contexto de conhecimento digital, as empresas estão buscando diariamente novos
métodos e práticas de estratégias de gestão de custos para adaptá-los aos seus negócios. Assim,
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estar atento aos processos que surgem no mercado e utilizá-los para promover uma gestão de
custos efetiva torna-se primordial. A seguir, passa-se à descrição das principais práticas de
gestão de custos apontadas pelos pesquisadores recorrentes nas MPE (Tabela 1).
Tabela 1
Práticas de gestão de custos nas MPE
Práticas de gestão de
custos
Descrição
Autores
Custeio variável,
margem de
contribuição e ponto
de equilíbrio
Práticas utilizadas pela maioria das MPE para
gerencialmente estabelecer o preço de venda ou
serviço, excluindo os custos fixos, com isso, a
utilização do conceito de margem de contribuição e
ponto de equilíbrio para analisar a margem de lucro.
Menegazzo et al. (2017),
Rocha et al. (2019),
Zanin et al. (2019)
Fluxo de caixa
O fluxo de caixa é uma ferramenta recorrente nas MPE
para controlar a movimentação das entradas e saídas
de recursos em um período determinado. Na sua
aplicação, a gestão otimiza os recursos e evita que
sejam utilizados incorretamente.
Costa et al. (2018),
Dummer (2018), Silva
Rebouças et al. (2018)
Orçamento e
planejamento de custos
O orçamento de custos é uma ferramenta de controle e
planejamento das entidades. Evidencia às informações
do passado e faz predições futuras, estabelecendo
financeira e economicamente às atividades
empresariais. É uma meta, que a partir dela serão
tomadas as decisões dos custos da produção/serviço.
Silva Rebouças et al.
(2018), Santos et al.
(2020), Oliveira et al.
(2021)
Controle e análise de
custos
O controle e análise de custos é feito através do estudo
de todos os gastos relacionados ao produto/serviço,
acompanhando as saídas ligadas à produção. Dessa
forma, organiza-se a movimentação de todos os gastos
da empresa para que se possa estabelecer o custo real
dos produtos/serviços.
Oliveira et al. (2021)
Formação do preço dos
produtos/serviços
O estabelecimento do preço de venda adequado ao
produto/serviço está relacionado ao equilíbrio entre os
preços do mercado e da empresa, nos quais estão
embutidos todos os gastos relacionados, sejam eles
diretos ou indiretos.
Oliveira et al.(2021),
Rocha et al. (2019)
Análise financeira de
estoques
A maioria das empresas, pela dificuldade de capital de
giro, trabalham com estoque mínimo, mas os estoques
também comportam as matérias-primas e componentes
dos produtos/serviços. Assim, o acompanhamento tem
por finalidade prever as compras necessárias e evitar
prejuízos financeiros.
Costa et al. (2018), Peres
et al. (2020)
Elaboração de
relatórios
customizados
A contabilidade de custos promove a confecção de
relatórios customizados para atender necessidades
específicas da produção e dos gestores, para as quais
as decisões de custos e rentabilidade dos produtos são
consideradas.
Costa et al. (2018),
Fernandes et al. (2021)
Custeio por absorção
Consiste na identificação de todos os custos
envolvidos para a produção de bens ou serviços
prestados, sejam eles fixos ou variáveis. As despesas,
tanto fixas como variáveis, são lançadas como despesa
na apuração do resultado do exercício (método
determinado pela legislação do Imposto de Renda no
Brasil).
Araújo et al. (2021),
Zanin, Souza & Mazzioni
(2019), Oliveira et al.
(2021), Silva Rebouças et
al. (2018), Veloso et al.
(2021)
46
As práticas elencadas na Tabela 1 são usualmente utilizadas pelas MPE, segundo
(Araújo et al., 2021, Cavalcanti, & Santos, 2022). Constata-se que não existe uma prática
melhor ou pior, pois elas se adaptam às empresas consoante suas especificidades, dessa forma,
uma prática recorrente e usual em uma empresa pode não ser útil para outra. Além disso, nesse
contexto, a relação custo-benefício deve ser observada na aplicação das ferramentas (Araújo et
al., 2021, Cavalcanti, & Santos, 2022).
Estudos Anteriores Relacionados ao Tema
Buscou-se na literatura artigos relacionados ao tema fatores determinantes ou práticas
de gestão de custos em microempresas para analisar os seus objetivos e resultados e compará-
los com os obtidos por esta pesquisa.
No estudo de Menegazzo et al. (2017), cujo objetivo foi analisar as práticas de gestão
de custos nas MPE de Santa Catarina, a pesquisa realizada com cerca de 300 MPE evidenciou
que 74% delas utilizam o custeio variável e 80% fazem o cálculo da margem de contribuição
e do ponto de equilíbrio. A pesquisa ainda constatou que a maioria dos gestores possui
conhecimento sobre as ferramentas da gestão de custos, sendo uma facilitadora para as decisões
que envolvem informações relacionados às MPE.
Na pesquisa realizada por Silva Rebouças et al. (2018), que objetivou analisar os
determinantes da gestão de custos na indústria salineira do Rio Grande do Norte, destacaram-
se as variáveis: controle e análise de custos, identificação dos custos variáveis, planejamento
de custos, utilização do custeio por absorção, acompanhamento de custos, controle e análise de
custos. O fator de calcular o custo unitário do produto foi o mais apontado entre os gestores.
Em outra pesquisa, de Costa et al. (2018), cujo objetivo foi identificar a adoção de
práticas de gestão de custos nas empresas de fruticultura no Rio Grande do Norte, constataram-
se os seguintes fatores: cálculo da margem de contribuição, análise do preço de venda, registro
de custos, avaliação e precificação estratégica, análise financeira de estoques, detalhamento
das informações de custos em relatórios específicos, monitoramento da competitividade e
controle do fluxo de caixa, com destaque para o cálculo da margem de contribuição dos
produtos como o mais utilizado por essas empresas.
O estudo de Dummer (2018) buscou verificar, junto aos gestores das MPE, a relevância
das informações de custos pela gestão através da análise de desempenho de slack. Os resultados
evidenciam que, entre os quatro itens analisados para a gestão de MPE, destacaram-se as
informações do fluxo de caixa, seguidos respectivamente das informações da contabilidade de
custos, da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e do balanço patrimonial. A maioria
considera as informações de custos relevantes, mas pouco utilizadas, enquanto o fluxo de caixa
obteve o melhor desempenho.
Na pesquisa de Rocha et al. (2019), buscaram identificar a contribuição da gestão de
custos na formação do preço em uma indústria de panificação. Os resultados evidenciaram que
a gestão de custos promove o detalhamento e a compilação dos custos e despesas dos produtos,
sendo um relevante mecanismo para organizar o preço de venda. Foi apontada ainda a
utilização da margem de contribuição e do ponto de equilíbrio na análise gerencial do negócio.
Constatou-se no estudo que os preços estavam calculados corretamente, sendo que apenas um
produto estava com preço superior ao preço orientativo.
Na pesquisa de Zanin et al. (2019), que objetivou analisar as práticas de gestão de custos
nos processos decisórios das empresas, destacou-se o custeio variável como o método mais
utilizado. Observou-se que as especificidades das empresas, como faturamento, ramo de
atividade e forma de tributação, eram fatores determinantes na gestão de custos, assim como
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as decisões de custos eram influenciadas pelo tempo de atividade, destacando-se a experiência
dos funcionários que realizam esses controles e promovem as informações.
Santos et al. (2020) buscaram analisar e identificar a utilidade da contabilidade de
custos para MPE do Programa Empreendedor de Uberlândia (MG). Os achados da pesquisa
demonstraram que a gestão de custos auxilia os administradores nas tomadas de decisões,
destacando a relevância dessas informações para o planejamento operacional e estratégico.
Ainda relataram que as informações da contabilidade de custos são utilizadas parcialmente
pelas gestões, pois se constatou falta de conhecimento técnico dos gestores para utilização
plena dessas informações no controle de custos.
No estudo de Veloso et al. (2021), buscou-se analisar a gestão de custos nas MPE de
Campo Mourão (PR). Os resultados da pesquisa evidenciaram o custeio por absorção como o
método mais utilizado pelas MPE; que a ferramenta mais utilizada foi o software Excel; e que
os gestores reconhecem a relevância da contabilidade de custos como ferramenta de apoio à
gestão, promotoras de auxílio nas tomadas de decisões.
Na pesquisa realizada por Oliveira et al., (2021), que teve por objetivo identificar a
relevância da gestão de custos no setor de panificação em Ituiutaba (MG), os resultados
evidenciaram que os gestores reconhecem a gestão de custos como essencial para a formação
do preço de venda dos produtos, assim como para o planejamento e controle de custos e
despesas, destacando-se o custeio por absorção como o mais utilizado entre as empresas
pesquisadas.
Procedimentos metodológicos
Quanto aos objetivos, esta pesquisa se enquadra na modalidade descritiva. Segundo
Meneses et al. (2019), a pesquisa de cunho descritivo é aquela que busca fazer a descrição das
características de determinada população ou fenômeno ou estabelecer relações entre variáveis,
além de observar as opiniões e crenças.
Quanto aos procedimentos, este estudo fundamenta-se na pesquisa de levantamento,
que também é chamada de estudo de campo. Trata-se de uma pesquisa que se caracteriza pela
interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer, coletando os dados e
investigando o objeto de estudo no seu meio (Leão, 2017).
A abordagem é de caráter quantitativo, ou seja, a pesquisa utiliza dados quantitativos e
a estatística para a coleta e análise de informações para, assim, identificar as características
pretendidas através da amostra da população estudada. De acordo com Raupp e Beuren (2007),
essa forma de abordagem é utilizada nos estudos descritivos, nos quais se procura descobrir e
classificar a analogia entre variáveis e a relação de causalidade entre fenômenos.
Esta pesquisa busca evidenciar as práticas de gestão de custos nas MPE, destacadas
como relevantes por serem responsáveis por fomentar a economia no país, com participação
de um terço do PIB brasileiro (Sebrae, 2022).
No que diz respeito aos procedimentos de coleta de dados com os gestores das
empresas, a pesquisa mobilizou fontes primárias, com a aplicação de um questionário para a
coleta dos dados elaborado a partir do referencial teórico elencado.
O questionário com 21 perguntas em escala de Likert (com variação de 1 a 5, sendo 1
a menos provável e 5 a mais provável) foi direcionado às EPP da cidade de Mossoró (RN). O
instrumento de coleta foi enviado via e-mail para os gestores das MPE por meio de endereços
obtidos no Sebrae (RN). O questionário foi elaborado a partir do embasamento teórico da
Tabela 2, através do Google Forms, no período de setembro a outubro de 2021, e enviado para
48
os gestores de 114 empresas cadastradas no Sebrae (RN). Obteve-se apenas 48 questionários
respondidos, representando 42% da amostra estabelecida.
Tabela 2
Embasamento do questionário
Embasamento do questionário/temas
Autores que embasaram as questões
A utilização da gestão de custos como base na tomada de
decisão
Amaral et al. (2021), Scheren et al. (2019),
Veloso et al. (2021)
A gestão de custos é relevante para o gerenciamento das
pequenas e médias empresas
Araújo et al. (2021), Grof (2017), Oliveira
et al. (2022)
As pequenas e médias empresas sofrem influência da gestão de
custos para enfrentar o mercado competitivo
Grof (2017), Oliveira et al. (2022), Veloso
et al. (2021)
Registro do custo dos produtos
Rocha et al. (2019), Scheren et al. (2019)
Avaliação e controle de estoques
Peres et al. (2020)
Análise do desempenho da empresa
Scheren et al. (2019)
Controle de operações
Scheren et al. (2019), Silveira (2021)
Auxílio nas atividades de planejamento
Santos e Chiaretto (2019), Scheren et al.
(2019), Queiroz et al. (2021)
Determinação do preço de venda dos produtos
Rocha et al. (2019), Wamser et al. (2019)
Contribuição na tomada de decisões
Scheren et al. (2019)
No que tange ao tratamento de dados, destaca-se que foram utilizadas técnicas da
estatística descritiva (média, frequência e desvio padrão) e análise fatorial exploratória (AFE)
por meio do software Statistical Package Social Science (SPSS), versão 20.0, e em seguida os
achados da pesquisa foram confrontados com o referencial teórico.
Apresentação e análise dos resultados
Para identificar o perfil dos respondentes, foram abordadas questões correspondentes
ao gênero, faixa etária, escolaridade, cargo de atuação na empresa e o tempo de atuação da
empresa no mercado, como mostra a Tabela 3.
Tabela 3
Perfil dos respondentes da pesquisa
Perfil dos respondentes
Frequência
Gênero
Masculino
23
Feminino
25
Total
48
Faixa etária
Até 20 anos
2
Entre 21 e 25 anos
8
Entre 26 e 30 anos
13
Entre 31 e 45 anos
18
Mais de 46 anos
7
Total
48
Escolaridade
Fundamental incompleto
1
Fundamental completo
2
Médio completo
10
Superior incompleto
5
Superior completo
17
Pós-graduação incompleta
6
Pós-graduação completa
7
Total
48
Cargo de atuação na empresa
Proprietário
33
49
Sócio-gerente
7
Gerente
6
Contador
1
Diretoria
1
Total
48
Tempo de atuação da empresa no mercado
Até 1 ano
11
Entre 1 e 2 anos
6
Entre 2 e 3 anos
10
Entre 5 e 10 anos
6
Mais de 10 anos
15
Total
48
O gênero feminino predominou entre os respondentes da pesquisa, correspondendo a
52,1% da amostra. A faixa etária de maior recorrência foi entre 31 e 45 anos, representando
37,4%. Em relação à escolaridade, destacou-se que a maioria (35,4%) possui nível superior.
Os gestores que eram proprietários de suas empresas representaram um índice bastante
significativo, com 68,7%, enquanto as empresas com mais de 10 anos de atuação no mercado
representaram 31,3% da amostra. Buscou-se também identificar o perfil da empresa em seu
conhecimento sobre gestão de custos, como informa a Tabela 4.
Tabela 4
Perfil da empresa dos respondentes
Perfil dos respondentes
Frequência
Porcentagem (%)
Alguma gestão de custo é aplicada na
empresa
Sim
33
68,7
Não
15
31,3
Total
48
100,0
A contabilidade na empresa é
realizada
Internamente
24
50,0
Externamente
24
50,0
Total
48
100,0
Métodos para registro de custos
Sistema computadorizado
19
39,6
Manualmente
9
18,7
Planilhas
16
33,3
Não utiliza
4
8,4
Total
48
100,0
Realiza controle de estoque
Sim
29
60,4
Não
19
39,6
Total
48
100,0
Setor da empresa
Comércio
38
79,2
Indústria
1
2,1
Serviço
9
18,7
Total
48
100,0
Métodos de custeio utilizados
Custeio por absorção
27
56,0
Custeio variável
07
14,0
Nenhum método
14
30,0
Total
48
100,0
Atualmente, a gestão de custos já conta com uma aplicação significativa nas empresas,
mas cerca de um terço (31,3%) dos respondentes não aplicam nenhuma gestão de custos nas
empresas, média que está abaixo da identificada pelo Sebrae (2022), segundo o qual 60% das
MPE não possuem controle de custos. Como causa dessa carência, Santos e Bonfim (2020)
constataram a falta de conhecimento de gestão de custos pelos gestores, e o estudo de Zanin et
al. (2019) apontou a necessidade de um profissional com conhecimentos técnicos para realizar
essa tarefa.
50
Os sistemas computadorizados já predominam como auxiliares no controle: a pesquisa
apontou que 39,6% das empresas utilizam métodos de registros de custos com sistemas
computadorizados. Segundo Paula et al. (2019) e Aragão et al. (2021), as empresas têm se
adaptado às novas tecnologias digitais para se manterem competitivas no mercado.
Em torno de 60% das instituições realizam controle de estoques, e a maioria dos
negócios é do setor de comércio, que somou 79,2% das respostas. Conforme Peres et al. (2020),
o controle de estoques é vital para a empresa prover a otimização do processo de compras, pois
os recursos o escassos, sendo necessário investir onde carência de insumos. A Tabela 3
demonstra o ramo de atuação das empresas.
Tabela 5
Ramo das empresas
Perfil dos respondentes
Frequência
Porcentagem (%)
Ramo da empresa
Acessórios de celular
1
2,1
Alimentação
8
16,5
Artigos para presentes
1
2,1
Bebidas
1
2,1
Cama, mesa e banho
1
2,1
Confecção
4
8,4
Construção
1
2,1
Contabilidade
1
2,1
Eletrônicos
1
2,1
Energia
1
2,1
Engenharia e consultoria
1
2,1
Material elétrico
1
2,1
Medicamento
2
4,2
Móveis
2
4,2
Ótica
1
2,1
Produtos de limpeza
1
2,1
Reciclagem de metais
1
2,1
Terceirizada de petróleo
1
2,1
Utilidades e eletro móveis
1
2,1
Vestuário
17
35,2
Total
48
100,0
O Brasil é a quinta maior indústria do mundo, e a quarta maior em volume de
confecções na área têxtil, com produção média de 1,3 milhões de têxteis e 6,7 milhões de
vestuários. Sendo autossuficiente em produção de algodão, destaca-se como a maior cadeia
têxtil do ocidente, produzindo desde a fibra ao varejo, além de ser o maior exportador mundial
nesse segmento. Conforme a Tabela 3, o ramo empresarial predominante foi o de vestuário,
representando 35,2% dos respondentes, seguido pela alimentação, com 16,5%. As demais
atividades apresentaram baixa participação no estudo (Associação Brasileira de Indústria
Têxteis, 2022; Cavalcanti & Santos, 2022).
Práticas da Gestão de Custos
Buscou-se ainda calcular a média e desvio padrão das variáveis que compõem o
instrumento de pesquisa, objetivando evidenciar a prática da gestão de custos com maior
influência nas MPE, conforme se destaca na Tabela 6. O questionário com 21 questões foi
elaborado no modelo da escala de Likert (com variação de 1 a 5, sendo 1 a menos provável e
5 a mais provável) e direcionado via e-mail às microempresas da cidade de Mossoró (RN),
cadastradas no Sebrae local. Das 114 empresas convidadas a participar com o envio do
51
questionário (via Google Forms), apenas 48 responderam, representando 42% da amostra
estabelecida.
Tabela 6
Média e desvio padrão das variáveis
N° da variável
Descrição da variável
Média
Desvio padrão
V01
Utilização da gestão de custos como base para a tomada de
decisão
4,5208
,71428
V02
A gestão de custos é relevante para o gerenciamento das
pequenas e médias empresas
4,5208
,61849
V03
As pequenas e médias empresas sofrem influência da
gestão de custos para enfrentar o mercado competitivo
4,3750
,78889
V04
Registro do custo dos produtos
4,4792
,68384
V05
Avaliação e controle de estoques
4,3542
,75764
V06
Análise do desempenho da empresa
4,6458
,52550
V07
Determinação do lucro
4,6875
,51183
V08
Controle de operações
4,5208
,61849
V09
Auxílio nas atividades de planejamento
4,4375
,64926
V10
Determinação do preço de venda dos produtos
4,6667
,51914
V11
Contribuição na tomada de decisões
4,5208
,58308
Por meio dos achados deste estudo, destaca-se que a variável de maior frequência é a
V7, a qual enfatiza a determinação do lucro, que obteve uma média de 4,68. A determinação
de custos é essencial para a avaliação dos estoques, análise e determinação dos preços, entre
outros. Os métodos são desenvolvidos para verificar, determinar e estimar os custos, realizar
avaliações e promover a melhoria das instituições. Porém, a sua manipulação pode ser eficaz
se houver um correto e completo entendimento dos custos, visto que estes constituem a
informação de base para os métodos e análises (Peres et al., 2020, Rocha et al., 2019).
Fatores Determinantes da Gestão de Custos nas MPE
Nesta seção, buscou-se evidenciar fatores determinantes da utilização da gestão de
custos para as organizações estudadas. Para isso, utilizou-se a AFE, que pode ser entendida
como uma técnica multivariada que visa encontrar por meio de uma matriz de dados, fatores
também chamados de variáveis latentes que representem da melhor forma um conjunto de
variáveis (Brown, 2006). Buscando evidenciar a confiabilidade e adequação da amostra para
aplicação dessa técnica, utilizaram-se os seguintes testes: alpha de Cronbach, Kaiser-Meyer-
Olkin (KMO) e Esfericidade de Bartlett (Hair Jr. et al., 2010). Na Tabela 7, apresentam-se os
resultados desses testes e os parâmetros de análise.
Tabela 7
Resultados dos testes
Testes
Resultados da pesquisa
Parâmetros hair et al. (2010)
KMO
,790
Maior que 0,7
Esfericidade de Bartlett
,000
Menor que 0,05
Alpha de Cronbach
,916
Maior que 0,60
Com os dados da pesquisa foi possível verificar que a AFE é adequada, tendo em vista
que os testes realizados superaram os parâmetros definidos por Hair Jr. et al. (2010). O primeiro
teste realizado para essa adequação foi o KMO, responsável por demonstrar a relação existente
52
entre as variáveis testadas pelo estudo. Caso a relação obtida seja pequena ou inferior aos
parâmetros definidos (nesse caso, superior a 0,7), considera-se a técnica estatística como
adequada.
Em seguida, realizou-se o teste de Esfericidade de Bartlett, o qual busca verificar a
situação da relação entre as variáveis e a população objeto de estudo, avaliando a significância
de todas as correlações presente na matriz de dados, dado que foi inferior a 0,05 (Vieira et al.,
2019). o último teste utilizado é o alpha de Cronbach, utilizado para demonstrar a
confiabilidade do instrumento de pesquisa, sendo que o seu valor constitui a média de
correlação entre os questionamentos (variáveis) que fazem parte do instrumento de pesquisa.
Dessa forma, o valor de alpha é influenciado pela quantidade de variáveis e pelo tamanho da
amostra, e no caso desta pesquisa o alpha foi satisfatório, observando que as variáveis validadas
para a AFE foram aquelas com variação superior a 0,60 (Vieira et al., 2019).
Foi realizado ainda o teste de variância, conforme demonstra a Tabela 8.
Tabela 8
Resultado do teste de variância
Fatores
Somas de extração de carregamentos ao
quadrado
Somas de rotação de carregamentos ao
quadrado
Total
% de variância
% cumulativa
Total
% de
variância
% cumulativa
1
6,180
56,183
56,183
3,958
35,986
35,986
2
1,098
9,986
66,168
3,320
30,182
66,168
Esse teste verifica o percentual de explicação do agrupamento das variáveis, bem como
o número de fatores em que as variáveis foram agrupadas. Através dos resultados, as variáveis
foram agrupadas em dois fatores, que explicam em cerca de 66% este agrupamento. Ressalta-
se que tal, valor é aceitável de acordo com Hair et al. (2010). Em seguida, foi realizada a
nomeação ou rotulação dos fatores, para o que se pode utilizar como base a variável que
apresenta maior carga fatorial para representar cada fator.
Na Tabela 9, apresentam-se o agrupamento e a composição dos fatores da análise
fatorial exploratória com os fatores determinantes na gestão de custos nas MPE.
Tabela 9
Fatores determinantes nas micro e pequenas empresas
Fator
Variável
Carga fatorial
Fator 1
Controle e avaliação
de estoques
V05 Avaliação de controle de estoque
,820
V06 Análise de desempenho da empresa
,705
V07 Determinação do lucro
,611
V08 Controle de operações
,698
V09 Auxílio nas atividades de planejamento
,716
V10 Determinação de preços de vendas dos produtos
,729
V11 Contribuição na tomada de decisão
,673
Como se pode observar, no fator 1, destaca-se a variável V05 como sendo a de maior
carga fatorial, representando um percentual de 0,820. Essa variável é descrita como controle e
avaliação dos estoques, sendo assim, optou-se por nomear o fator de controle e avaliação de
estoques”.
53
Outra variável que se destacou no fator 1 foi a V06 análise de desempenho da
empresa, com 0,705. O resultado dessa variável não obteve o mesmo destaque nas pesquisas
realizadas por Dummer (2018) e Silva Rebouças et al. (2018), nas quais o fluxo de caixa
destacou-se como ferramenta de melhor utilização para avaliação do desempenho empresarial;
mas evidenciou-se na pesquisa de Scheren et al. (2019) como prática determinante para a gestão
de custos, pois promove a distribuição de recursos para as áreas de maior rentabilidade,
possibilitando a maximização do lucro.
quanto à variável V07 determinação do lucro, com percentual de 0,611,
assertividade dos respondentes está consoante o estudo de Zanin et al. (2019), no qual a gestão
de custo é uma relevante ferramenta para se calcular a margem de lucro, principalmente através
do custeio variável; nesse entendimento, Veloso et al. (2021) observam que a margem de lucro,
calculada pelo custeio variável, não sofre interferência dos custos fixos, pois esses não
aumentam proporcionalmente ao volume de produção, mas observa que essa ferramenta é
eficiente para o curto prazo. Quanto ao longo prazo, as empresas devem estudar suas
especificidades e as influências dos custos fixos no transcorrer do tempo, que isso poderá
afetar o cálculo da margem de lucro.
Por sua vez a variável V08 controle de operações apresentou percentual de 0,698. O
Sebrae (2022) evidenciou em estudo que 60% das ME não possuem controle de custos em suas
operações, coadunando os resultados desta pesquisa, que obteve índice de cerca de 70% dos
respondentes. Ainda conforme esse entendimento, Saldanha e Brambilla (2020) observaram
que o controle das operações permite a melhoria dos processos, pois identifica os desperdícios,
reduzindo os custos e aumentando a rentabilidade. Essa assertiva também foi observada nas
pesquisas realizadas por Santos et al. (2020) e Zanin et al. (2019).
A variável V09 auxílio nas atividades de planejamento obteve percentual de 0,719.
Wamser et al. (2019) coadunam o entendimento de que a gestão das operações promove a
eficácia do planejamento empresarial, reduzindo os custos e aumentando a rentabilidade.
Ainda, Veloso et al. (2021) observaram que o custeio por absorção é vantajoso para o
planejamento de longo prazo. Santos et al. (2020) relataram em seu estudo que as informações
de custos são relevantes para o planejamento operacional e estratégico das empresas, apesar da
falta de conhecimento técnico por parte dos gestores para utilizar informações da gestão de
custos. Quanto à penúltima variável do fator 1, V10 determinação do preço de venda dos
produtos, Zanin et al. (2021) e Veloso et al. (2021) destacam a função principal do custeio
variável para estabelece o preço de vendas dos produtos; coaduna esse entendimento a pesquisa
de Rocha et al. (2019), que aponta o custeio variável como o mais indicado para estabelecer o
preço de venda por considerar os cálculos da margem de contribuição e do ponto de equilíbrio
na gestão de custos. Ainda sobre esse fator, Araújo et al. (2021) relataram que o custeio por
absorção não seria o ideal para estabelecer o preço de venda, pois inclui o custo fixo na unidade
produzida, promovendo a perda de competitividade das empresas.
Sobre a última variável, V11 contribuição na tomada de decisão, com percentual de
0,673, Saldanha e Brambilla (2020) destacam a relevância da gestão de custos no processo de
tomada de decisão de como, onde e quando investir os recursos disponíveis para maximização
dos negócios. O mesmo ocorre no estudo de Zanin et al. (2019) sobre práticas de gestão de
custos nos processos decisórios de empresas catarinenses, que evidenciou o custeio variável
como mais usual que variáveis como faturamento, ramo de atividade e forma de tributação
entre os fatores que influenciam nas decisões de gestão de custos dessas empresas.
Os estoques representam a aplicação de recursos financeiros e contemplam todos os
produtos que a empresa utiliza no desenvolvimento de suas atividades (Peres et al., 2020), pois
estão ligados diretamente aos recursos financeiros e estratégicos da instituição, e quando bem
54
gerenciado trazem benefícios e resultados positivos, além de crescimento econômico para a
empresa. Segundo Peres et al. (2020) e Querino et al. (2021), a gestão de estoques tem como
principal objetivo a redução de custos e, para isso, precisar abranger todos os espaços e
atividades da organização, sendo uma ferramenta utilizada para a disponibilidade de produtos
tendo em vista a gestão eficiente de estoques.
Na Tabela 10 apresentam-se as variáveis do fator 2 (competitividade). no fator 2,
nominado competitividade, a variável de maior ênfase corresponde à variável V3, descrita
como a utilização da gestão de custos para auxiliar no enfrentamento do mercado competitivo,
pois para se manterem efetivas no mercado, as empresas precisam avaliar o ambiente
competitivo, manter-se nele e conquistar novos clientes. Essa tarefa se torna cada dia mais
complexa, dado que as margens de lucro estão cada vez mais reduzidas pela concorrência
(Silveira, 2021).
Tabela 10
Fatores determinantes nas micro e pequenas empresas
Fator
Variável
Carga fatorial
Fator 2
Competitividade
V01 Utilização da gestão de custos como base na tomada de
decisão
,749
V02 A gestão de custos é relevante para gestão das médias e
pequenas empresas
,841
V03 As MPE sofrem influência da gestão de custos para
enfrentar o mercado competitivo
,855
V04 Registro de custos dos produtos
,683
Quanto à variável V01 Utilização da gestão de custos como base na tomada de
decisão, o percentual de 0,749 corrobora o estudo de Zanin et al. (2019), no qual destacam a
relevância da gestão de custos para as decisões empresariais, mas observam que, nas MPE,
essas informações são pouco utilizadas por falta de conhecimento técnico dos gestores.
Concordam com esse entendimento Santos et al. (2020) e Saldanha e Brambilla (2020), que
destacam que as informações de custos ajudam no processo decisório dos gestores visto que
otimizam a aplicação de recursos.
Por sua vez, na variável V02 sobre a relevância da gestão de custos para a
administração das empresas, Scheren et al. (2019) corroboram os resultados dessa variável,
segundo a qual a gestão de custos é essencial para superar as adversidades do mundo dos
negócios. Wamser et al. (2019) asseveram que a gestão de custos promove a eficácia
organizacional, pois a empresa passa a operar com uma margem de lucro estabelecida.
Conforme o Sebrae (2022), apesar de 60% das empresas não utilizarem o controle de custos,
elas são unânimes em reconhecer sua relevância (Queiroz et al., 2021; Santos & Chiaretto,
2019). Sobre a variável V03 as MPE sofrem influência da gestão de custos para enfrentar
o mercado competitivo, conforme Aragão et al. (2021), as empresas necessitam acompanhar
as mudanças do mercado, principalmente no tocante às tecnologias digitais que promovem a
redução de custos, portanto, estar atento ao que ocorrer externamente é fundamental para ser
manter competitivo. Consoante Cavalcanti e Santos (2022), esse fator seria essencial para
equiparar-se ou sobrepujar os concorrentes. Por sua vez, Costa et al. (2018) observam a
necessidade de promover o monitoramento da competitividade, isto é, o que os concorrentes
estão fazendo com relação à gestão de custos.
A última variável do fator 2, V04 Registro de custos, constatou-se na pesquisa que
39% das empresas utilizam sistemas informacionais. Conforme Veloso et al. (2021), o método
55
de custeio por absorção, com utilização de planilha elaborada no software Excel, foi
predominante em sua pesquisa, porém, neste estudo, o custeio por absorção foi o mais utilizado,
ainda que com os registros em sistemas computadorizados.
Esse registro é realizado gerencialmente através do custeio variável, visto que apresenta
a margem de contribuição, que aponta a rentabilidade dos produtos e o ponto de equilíbrio, e
define o patamar de produtos que precisam ser vendidos para cobrir os custos fixos. Essa
ferramenta é fundamental para o planejamento empresarial. o custeio por absorção é
utilizado nos registros contábeis da empresa para atender à legislação tributária do país (Araújo,
Margueiro & Morais, 2021; Rocha et al., 2019; Veloso et al., 2021; Zanin et al., 2019).
Nos estudos analisados, unanimidade no reconhecimento da gestão de custos como
relevante para o processo decisório. Evidenciou-se ainda a falta de habilidade para utilizar a
gestão de custos. Dessa forma, Zanin et al. (2019) apontaram a necessidade de um profissional
com experiência para desenvolver essa tarefa.
Dummer (2018) destaca o fluxo de caixa como a ferramenta mais almejada, mas pouco
utilizada por falta de conhecimento dos gestores. Rocha et al. (2019) e Zanin et al. (2019)
destacaram o custeio variável como o mais utilizado pelas MPE os primeiros na utilização
dos conceitos de margem de contribuição e ponto de equilíbrio na análise gerencial, e os
últimos na análise das especificidades dos tipos de empresas para utilização dessa
ferramenta. Zanin, Magro, & Mazzioni (2019) constataram em sua pesquisa a predominância
do custeio por absorção na utilização pelas MPE.
Na pesquisa de Zanin et al. (2019), destacou-se a relevância do custeio variável para a
gestão, com ênfase na necessidade de um profissional com conhecimento técnico para
promover as informações da gestão de custos.
Considerações finais
Esta pesquisa teve como objetivo evidenciar os determinantes da gestão de custos nas
MPE da cidade de Mossoró (RN). Para isso, utilizou-se da abordagem quantitativa com
participação de gestores de MPE da cidade selecionada.
A gestão de custos é aplicada nas empresas de 70% dos respondentes, e verificou-se
também que os determinantes mais evidentes para essas empresas foram o controle e a
avaliação de estoque, tal como a competitividade entre seus concorrentes no mercado.
Percebeu-se que a gestão dos custos para os gestores oferece subsídios para orientar a tomada
de decisões, assim como os participantes consideram relevantes as informações de controle de
custos para o planejamento e análise de desempenho da empresa. Entende-se que essa pesquisa
conseguiu atingir seu objetivo, que foi evidenciar os determinantes da gestão de custos nas
MPE, o que se obteve por meio da análise dos dados.
Ressalta-se que cerca de 30% das empresas não utilizam nenhum método de custos e
por volta de 43% delas estão no mercado há mais de 5 anos, algumas com mais de uma década.
Portanto, esse nível ainda é considerável, pois a redução de custos é um dos principais
mecanismos para que as empresas consigam obter melhores resultados. Existem formas que
podem ser utilizadas para realizar uma gestão de custos eficaz, como o uso de tecnologias
adequadas, métodos de custeio e ferramentas de análise. Assim, quando feito corretamente, o
controle dos custos proporciona benefícios para a organização.
A contribuição para os estudos acadêmicos está em mostrar a relevância do
conhecimento da gestão de custos, identificar se os gestores conhecem ou usam as ferramentas
e mostrar a necessidade da gestão de custos como uma ferramenta de apoio à tomada de
decisões nas MPE.
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Quanto aos limites do trabalho, destaca-se a amostra do estudo, a qual se restringe às
micro e pequenas empresas de Mossoró (RN), o que não possibilita a generalização dos
resultados, mas abre margens para a replicação do estudo em outras localidades. Assim, aponta-
se, para futuras pesquisas, a importância de ampliar a amostra estudada, envolvendo outras
cidades, bem como identificar os principais fatores que motivam a ausência de controles
efetivos custos pelas MPE.
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